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Escola do século 21 terá que ensinar a ter concentração, diz secretário do ES

  Alex Gouvea - 17.nov.2017/Folhapress  
O secretário da Educação do Espírito Santo, Haroldo Rocha, em escola pública em Vitória
O secretário da Educação do Espírito Santo, Haroldo Rocha, em escola pública em Vitória

ANA ESTELA DE SOUSA PINTO
ÉRICA FRAGA
DE SÃO PAULO

09/12/2017  02h00

A escola que tentar resistir ao novo mundo das crianças e adolescentes vai naufragar, diz o secretário estadual da Educação de Espírito Santo, Haroldo Rocha, 61.

Responsável pela rede de ensino que obteve o melhor resultado no Pisa (teste internacional), ele descreve um novo mundo "diverso, em que tudo é muito rápido, em que nada se sustenta" e as mídias favorecem a dispersão, enquanto a aprendizagem exige foco e concentração.

Para Rocha, o século 21 apresenta um desafio adicional para a escola: além de se preocupar com o desenvolvimento acadêmico e cognitivo –ler, escrever, fazer contas, interpretar a história–, terá que ensinar as crianças a administrar suas emoções, trabalhar em equipe, ter persistência e resiliência.

SÉCULO 21
O que pode mudar
mãos seguram um celular

Essas competências, chamadas de socioemocionais, estão sendo objeto de discussões da rede escolar do Estado, para construir um novo currículo que deve ser concluído em março.

A ideia é implantar o ensino das novas habilidades em todos os níveis de ensino.

O Espírito Santo também tem planos para ampliar as atuais 17 escolas integrais de ensino médio para 300. "Queremos chegar a 100% dos alunos em 2030", diz ele.

Mas como fazer planos para daqui a mais de dez anos sem saber quem estará no governo? O secretário enumerou quatro formas de "blindar" políticas públicas de um desmanche por futuros governantes em entrevista à Folha.

*

Folha - O Espírito Santo foi o Estado brasileiro com melhor desempenho no último Pisa? Isso se deve a novas políticas ou à gestão de programas já existentes?

Haroldo Rocha - Nos resultados do Pisa e do Saeb (avaliação do ensino básico) o Estado teve de fato destaque no país –mas não em comparações internacionais.

Em 2009, houve uma mudança importante: em toda a rede de ensino médio e fundamental, estendemos o número de aulas diárias de 4 para 5, ou seja, 25% a mais de aula. De 2015 para cá, trabalhamos com duas metodologias que não inventamos. Buscamos exemplos no Brasil.

A secretaria tem mencionado como importante a escola integral no ensino médio.

Sim. Esse programa, Escola Viva, foi desenvolvido primeiro em Pernambuco. É um currículo diferenciado de educação integral em tempo integral. Começamos com uma escola, no ano passado passamos a cinco, neste são 17. No ano que vem vamos a 32, e o planejamento é chegar a 300 escolas em 2030. Então, atenderemos 100% dos alunos no ensino médio em tempo integral, e a 25% dos alunos de 6º a 9 º ano.

No país todo, é nesses anos finais que a maior parte dos estudantes abandonam a escola ou se atrasam.

Há evidências de que a escola integral é melhor?

Nossos dados são parciais, mas o rendimento na escola integral é superior ao da escola regular de forma significativa.

Também no ensino médio, trabalhamos com metodologia do Instituto Unibanco para melhorar a gestão da escola, com foco na aprendizagem. Aplicamos em 85% das escolas regulares neste ano e, no ano que vem, vai atingir 100% das escolas.

E o segundo eixo?

Investir nos anos finais não é suficiente, porque o processo de formação começa na creche. Aí entra o pacto da aprendizagem (Paes), inspirado no programa de alfabetização na idade certa do Estado do Ceará. É um termo de cooperação que se desdobra em formação de professores, investimento na estrutura, metodologia de avaliação.

Começamos em janeiro e 42 dos 78 municípios aderiram. Queremos chegar a todos.

O sr. falou em 300 escolas integrais em 2030. Mas como blindar a política pública para impedir que ela seja abandonada por um futuro governo?

Há quatro ações.

A primeira é um planejamento que envolva sustentabilidade financeira. Não adianta ter um bom projeto sem recurso para implementar. Estamos projetando a expansão gradativa da rede escolar já avaliando o que a situação econômica e financeira do Estado suporta: qualquer governo que entre tem o plano e a garantia financeira.

A segunda é instituir as políticas por lei, depois de debate intenso. No Escola Viva, houve cem dias de debate. O Paes também foi aprovado na Assembleia.

Uma terceira medida é comunicar claramente a vantagem da política para os cidadãos que dela se beneficiam.

Por fim, ter parceiros públicos ou privados. Se tenho parceria da universidade federal, de ONGs apoiadas por empresas, isso ajuda a manter as ações.

Apesar dos bons resultados, o Estado avançou menos nos anos finais do ensino fundamental. Quais as barreiras?

De fato, isso é um fenômeno nacional. Do 1º ao 5º anos há uma melhoria mais acelerada, e do 6º ao 9º, com menos potência.

Há dois fenômenos. Um é interno: do 6º ao 9º ano muita coisa muda para a criança. Está passando para a adolescência e deixa de ter uma professora para ter dez. E a escola não tem uma metodologia bem articulada para que todos os conhecimentos ali passados façam sentido.

Há também uma questão externa. Adultos e crianças hoje são muito afetados por tecnologia, redes sociais, trocas de informação. O mundo está muito dispersivo, e aprendizagem exige foco e concentração.

É um desafio adicional para a escola. Além do desenvolvimento acadêmico e cognitivo –ler, escrever, fazer contas, interpretar história–, a escola terá que se preocupar com o desenvolvimento de competências socioemocionais: metodologia para que as crianças aprendam a administrar suas emoções, trabalhar em equipe, ter foco, persistência, resiliência.

O que estão fazendo?

Desde maio, com o Instituto Ayrton Senna, estamos elaborando o currículo socioemocional para os ensinos infantil, fundamental e médio. Definindo que competências precisam ser desenvolvidas e metodologia para isso.

Quando fica pronto?

Até março de 2018, quando será combinado à base nacional comum. Isso dará um novo sentido à escola. Ela terá um novo sentido para o aluno, e vamos conter a evasão e a reprovação. Já há pesquisas que mostram que, quando se desenvolve a capacidade de relacionamento dos alunos, se reduz o abandono escolar.

O governo capixaba coordenou pesquisa para descobrir por que jovens de 14 a 29 anos deixaram a escola. Que política esse diagnóstico inspirou?

Esses jovens foram alunos de nossas escolas públicas e as abandonaram porque precisavam trabalhar, engravidaram, não gostavam de estudar ou achavam a escola chata.

O que mais temos discutido é como envolver o jovem com a escola. Recentemente introduzimos o líder de turma, escolhido pelos colegas para discutir soluções pela ótica dos alunos.

A avaliação de impacto de políticas públicas virou lei no Espírito Santo. Qual é a importância de avaliar?

Educação é a política pública mais avaliada no país, mas é preciso ter consequências. Se o aluno não está aprendendo, temos que fazer algo a respeito.

Como a avaliação de impacto rigorosa afetou a gestão de políticas no Estado?

Um dos exemplos é o programa Amigos do Zippy, em que crianças de 7 e 8 anos cuidam de um grilo verde.

O objetivo é trabalhar afeto, cuidado, respeito e até mesmo a resiliência, quando o grilo finalmente morre. Pois a morte é a maior perda para um ser humano. Implementamos em 2015, avaliamos e em 2018 vamos retomar fazendo correções e ajustes.

Por que projetos-piloto nem sempre dão os mesmos resultados na sala de aula?

Falta de treinamento é um motivo. O professor é absolutamente estratégico. É fundamental capacitar de um ponto de vista bem operacional, de como ele trabalha com o aluno.

O mundo mudou muito, as exigências são outras. O trabalho do professor hoje é totalmente diferente, e as instituições formadoras ainda trabalham de forma tradicional. Fazemos pesquisa e estamos gastando muita energia para definir a formação do professor do século 21.

Não nos cabe achar que hoje está pior ou melhor que no passado, mas nos programarmos para atender a criança no mundo de hoje, diverso, em que tudo é muito rápido, em que nada se sustenta, com profissões que nem existem mais e outras que a gente nem imagina. Como motivar se falamos de coisas de antigamente? É um desafio diferente. Os professores precisam ser capazes de ler o mundo desses alunos.

-

RAIO-X

IDADE
61 anos. Nasceu em Castelo (ES)

FORMAÇÃO
Ciências econômicas pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes).

TRAJETÓRIA
> Professor universitário na Ufes
> Técnico do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), que avalia políticas públicas no Estado
> Pró-reitor de Administração da Ufes
> Secretário de Planejamento da Prefeitura de Vitória
> Secretário de Estado da Educação do Espírito Santo entre 2007 e 2010
> Secretario da Educação do Espírito Santo desde 2015

  Editoria de Arte/Folhapress  

 

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Nasci no remoto ano de 1945, em São Lourenço, encantadora estação de águas no sul de Minas, aonde Manuel Bandeira e outros doentes iam veranear em busca dos bons ares e águas minerais, que lhes pudessem restituir a saúde.

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