Fênix tupinambá

É um pássaro? É um avião? Não, é o super-homem.

Errado.

É um pássaro.

Atraído pelo duplo pio, saltei da cadeira para confirmar conhecimento recém-adquirido.

A ave passou voando com elegância na altura da minha janela do quinto andar.

A cor negra e o grande bico alaranjado me encantam.

Como é que se chama o não tucano?

Há uns três anos, no cemitério, vi a penosa pela primeira vez. Naquela tarde a ave transmitiu sentimento de tristeza.

Meses depois vi uma dupla pastando calmamente próximo a um parque infantil. Foi como se tivessem espantado a tristeza e curtissem os gritos e a alegria mirim.

Cheguei a imaginar que poderia ser a encarnação de uma fênix extraída de uma lenda tupinambá.

Moro há quinze anos no mesmo endereço e misteriosamente, no último mês, observei que elas fizeram lar do enorme gramado que cerca o meu prédio.

Hoje, depois da visão, provocado pela curiosidade, quando desci para ir ao supermercado, aproveitei para conversar com o zelador.

—Zé, você sabe que bicho é aquele? — Apontei para a não galinha.

— Não. Quem sabe é o seu Bartolomeu.

— O porteiro novo?

— Ele mesmo. Vou chamá-lo.

Passaram-se cinco minutos e perguntei que ave era aquela.

— É uma ave ciconiforme da família dos tresquiornitídeos. O nome de origem tupi, com o tempo, transformou-se de quriquaqua para curicaca. Kuri em tupi e castanha e caca é uma alusão ao som característico do piado. Por causa do grito forte é chamada de despertador do Pantanal. É da família das colhereiras por causa do formato de colher do bico.

Eu agradeci ao senhor Wikipedia.

Da próxima vez em que me perguntarem se é um pássaro, um avião ou o super-homem, responderei que é um super-porteiro.

 

 

 

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