Mesóclises
“Se eu cometer um erro, corrigi-lo-ei”, “Como menos fosse, sê-lo-ia pela minha formação democrática e minha formação jurídica” esses são enunciados do Presidente Michel Temer.
Ruth de Aquino na Época ( 16/05) me chamou a atenção para essas mesóclises .Segundo ela, Temer, aos 75 anos, é o político mais velho a assumir a Presidência da República. Duvidei e fui ao Google para checar a idade de Deodoro da Fonseca quando se tornou presidente, logo após a deposição de Pedro II. Os livros de História se referem a ele como um ancião, mas ele tinha apenas 62 anos , contudo tinha pouca saúde, sofria de asma. Voltando ao Temer, ele me parece muito bem, com a voz enérgica e as feições tranquilas e desejo a ele um bom governo. Mas não me posso furtar de comentar suas mesóclises. Hoje mesmo eu o ouvi dizendo o “corrigi-lo-ei”. Para quem faltou a essa aula de gramática, mesóclise é a forma verbal em que o pronome pessoal átono aparece logo em seguida ao radical do verbo e antes da terminação de tempo e pessoa, tudo ligado com hifens. No Brasil costumamos colocar nossos pronomes antes do radical do verbo e chamamos isso de próclise. Em Portugal eles preferem a ênclise, pronome depois do verbo : “faço-o”, “comprometo- me”... Já a mesóclise, fica reservada a discursos muito formais. Na política ficou famosa na boca de Jânio Quadros. Quanto ao Temer, seja em função da condição de professor na área de Direito, que é muito conservadora, seja pela tão referida liturgia do cargo, usa uma linguagem muito monitorada. Alguns jornalistas saudaram o ressurgimento dos plurais que andavam e andam meio sumidos na fala de autoridades , mas se ele tiver um marqueteiro por certo vai preveni-lo quanto às mesóclises, formação rara no Português contemporâneo. Vai alegar que elas tornam mais difícil sua comunicação com os brasileiros.