Ele a veio buscar, depois de quatro dias  que ela teve de ficar fora de casa, trabalhando. Estava satisfeita de voltar. Quatro dias podem ser uma eternidade, quando se deixa pra trás filhos pequenos e marido.

Era uma viagem longa, mais longa porque a estrada era de terra, buracos e poeira. Era bom sair cedo, logo após o almoço. Conversaram amenidades. No cair da tarde, ele lhe segurou a mão.
__ Estou com saudades.

__ Eu também, mas presta atenção nesta buraqueira, se não este amortecedor velho quebra.
__ Estou atento, mas estou com saudades.
Ela só sorriu. Ele voltou à carga.

__ Sabe de uma coisa, estou com saudades, vai demorar muito chegar em casa. Vamos dar uma parada por aqui.
__ Cê t’á maluco, já tá quase de noite.
Ele nem respondeu, mas foi parando no acostamento.

__ Desce, mulher. Andaram um pouco pelo cerrado, até onde o mato estava mais baixo. Ele tirou o paletó e forrou o chão.
_Vem, mulher, Não vamos esperar chegar em casa.
Já estava escurecendo. Ficaram ali mais de hora. Até que ela apontou o céu:

__ Já é tarde, olha as estrelas. É lua nova e só tem estela brilhando no céu.
Ele riu e a ajudou a levantar.
__ Vamos embora.

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