O Professor  Carlos Eduardo Falcão Uchôa fala de sua convivência com Mattoso Câmara

 

Foi no ano de 1957, quando eu era aluno do segundo ano do Curso de Letras Clássicas da então Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil, que vim a conhecer pessoalmente a Mattoso Câmara. O encontro se deu num evento realizado  nos chamados na época porões da Biblioteca  Nacional, cujo diretor era Celso Cunha. Fui convidado para o evento pelo meu ex-professor de Latim e já meu grande amigo, Professor Rosalvo do Valle. O linguista Eugenio Coseriu, lecionando então no Uruguai, faria uma palestra naquele dia. Público restrito, presentes apenas um grupo de filólogos, assim se denominavam,  aqui do Rio de Janeiro. Ao final da palestra, que não pude compreender, fui apresentado a Mattoso pelo Rosalvo .  Tinha ele um pouco mais de 50 anos. Mostrou-se simpático, talvez meio surpreso de ver ali um jovem de 20 anos. Depois deste encontro inicial, só vim a revê-lo, no ano seguinte, quando seu aluno de Linguística no terceiro ano do meu curso de Clássicas, com duas aulas semanais. Lembro-me de que ao final de sua primeira  aula, já saindo da sala, dirigiu-se – se a mim e me pergunta pelo Rosalvo. Lembrava-se assim de minha presença na palestra de Coseriu.  Pudera: um jovem com seus vinte anos entre aqueles filólogos já com certa idade. As aulas dele  sempre de uma hora, com tal precisão, que pareciam cronometradas, sem que ele consultasse  o relógio ou qualquer apontamento. Mostrava-se Mattoso um professor extremamente sério. Não me lembro de ter faltado a uma aula, chegando com muita antecedência, vindo de Petrópolis, soube-se depois, onde lecionou por muitos anos na Universidade Católica de lá, Português e, a seguir, Linguística, instituição a que foi doada a sua biblioteca. O programa do curso era o seu livro Princípios de linguística geral, cuja primeira edição era de 1941. Estudávamos pela segunda edição de 1956. Sua exposição oral, clara e didática, tornava seu curso muito mais compreensível do que seu compêndio, de  linguagem dura, muito sintético às vezes, com poucos exemplos. Mattoso, todo tempo em pé no correr de uma hora, irradiava uma grande simpatia em suas aulas, até com algumas brincadeiras. Não dirigíamos perguntas a ele, não ousávamos interromper a sequência discursiva dele. Não tínhamos, é verdade, como apresentar a ele alguma dúvida ou não compreensão, pois nos julgávamos muito crus na matéria. Também na época não era hábito os alunos formularem indagações aos grandes  mestres . Minha turma, com apenas uns oito alunos, mantinha uma boa relação com Mattoso, chegando a elegê-lo paraninfo. Como sempre portava uma pasta já bem gasta, nos cotizamos para comprar uma nova para ele no final do ano. Agradeceu-nos muito e parecia nos dizer: “ é, a minha já estava bem velha”. Esteve presente à nossa formatura. Não era um professor severo ao avaliar nossas provas. Costumava fornecer, antes das provas parciais, uma lista de dez pontos. No dia da prova, sorteava um deles. Os pontos, que procuravam cobrir o programa, se constituíam  em pequenos enunciados, que deveriam ser desenvolvidos à maneira de uma tese, pois nossas dissertações tinham de provar a verdade manifesta no enunciado. Raras eram as conversas nossas com Mattoso ao final das aulas. Uma pergunta ou outra apenas que um de nós lhe fazia, já  saindo da sala. As respostas dele eram cordiais Falava-se  muito nos corredores da Faculdade do seu temperamento irascível, o que, de início, nos punha em guarda. Mas com o correr das aulas, esta expectativa desapareceu. Mattoso mostrava-se simpático e muito empenhado no curso que ministrava. Findo o curso, não me lembro de ter tido contatos com ele, a não ser uma visita que, com um colega de outra turma, bem mais velho, fizemos à sua casa. Não guardei a razão da visita, nem de como surgira tal convite. Conversamos lá algum tempo, muito amavelmente acolhidos por Mattoso e sua delicada esposa, D. Maria Irene. Morava ele na Gávea, em frente ao atual Shopping da Gávea. O ano de 1965 foi ano a partir do qual Mattoso e eu conviveríamos em permanente contato, mais precisamente no correr dos anos de 65 , 66 e 67. Certo dia, ele me liga e de imediato me convida para se seu assistente. Pegou-me inteiramente de surpresa. Fui à sua casa para conversarmos. Queria que eu “assistisse” às aulas dele, o substituísse em seus impedimentos, avaliasse as provas. A primeira aula se deu logo na semana  seguinte. Mattoso , por não ser a Linguística uma cátedra, apenas uma disciplina autônoma, nunca conseguira a contratação de um assistente. Fiquei sendo o primeiro. As aulas, na época, eram ministradas num amplo salão do antigo prédio do Superior Tribunal, colado à Academia Brasileira de Letras, a quem seria, anos depois, por concessão do governo federal  ,doada àquela construção. Assustou-me, no primeiro dia de aula, o número de alunos presentes. Cerca seguramente de cem. O professor ficava num tablado para poder avistar todos os alunos. Mattoso nem na primeira aula, nem em nenhuma outra, me apresentou como seu assistente. Ficava eu sentado lá trás, muito atento ao que o mestre dizia e às reações dos alunos. Mesmo numa turma tão numerosa jamais houve qualquer senão de conversa em voz alta. Duas horas de aula batidas acompanhadas com atenção. Sua exposição oral dominava aquele grande espaço. Só quando me coube substituir pela primeira vez a Mattoso, é que me apresentei à turma. Não fiquei nervoso. Estava preparado para a aula, seguro do meu conhecimento, apesar, naturalmente, de ter sentido certa estranheza dos alunos, ao ver aquele jovem, que ficava lá trás sentado e quieto, ocupar então o tablado do mestre. Falei o meu nome e minha função ali. Durante minha longa explanação, sentia a boa recepção da turma. Me lembro muito bem( e era para esquecer?) que, ao final da primeira aula, uma aluna se aproximou de mim, e disse: “ muito boa a sua aula, professor”. Era o que precisava ouvir. Soube bons anos depois que alunos me chamavam de “alomorfe” e a Mattoso de “morfema”… Por que fui eu, me indaguei por um bom tempo, o escolhido para ser o primeiro assistente do mestre, depois de tanto tempo sem ele poder contar com um? Levantava comigo várias hipóteses, que não se excluíam. Confesso que pensava em alguns outros nomes aqui do Rio para ter sido o escolhido. Tenho como certo de que Mattoso queria,  antes de mais nada, um ex-aluno seu. Que tivesse feito o curso que ele ministrava. Esta seria, a meu ver, uma condição essencial, em se tratando do curso que, desde 1948, ministrava na Faculdade Nacional de Filosofia, onde, afastados os entraves da política universitária,  ele teria com certeza a sua cátedra. Era o pensamento dele, perfeitamente justificável aliás.  E mais: um ex-aluno que tivesse manifestado interesse real pela Linguística, o que não era de difícil avaliação em turmas reduzidas como as da minha época.  Passei a pensar, a partir de certo momento, que Mattoso queria alguém também jovem, para poder tomar certas atitudes com mais descontração, como a de pedir que cumprisse com alguns encargos. Por fim, alguém com que ele naturalmente simpatizasse e fosse responsável, que não lhe  criasse embaraços de qualquer tipo. Mattoso, uma vez, se afastou por mais tempo, para ministrar um curso nos Estados Unidos. Tudo correu tranquilo, já eu me sentindo mais à vontade no tablado. Do exterior me escrevia às vezes para saber de mim e do curso.  Minha relação com ele era boa. Frequentava sua casa com certa regularidade. Falava sempre do que estava escrevendo, dos cursos que ministrava no exterior, de linguistas de fora e de alguns daqui, considerados embora mais filólogos. Os acertos e equívocos destes últimos, na opinião dele. Falava ele muito, eu pouco, mantida certa timidez da minha parte. Manifestava mesmo certa simpatia por vários de nossos estudiosos da linguagem, até mesmo por alguns bem mais jovens, que já contavam com alguma projeção no mundo acadêmico. Exibia sua boa memória, recitando poemas como alguns de  Bilac ou de Raimundo Correa. Manifestava clara preferência pela poesia do século XIX, mormente os parnasianos e simbolistas. Do Modernismo só mencionava Manuel Bandeira. Esta tradição poética é que era a base para seus apontamentos linguísticos, como os sobre a rima ou sobre a pronúncia. Era um homem em geral cordato, embora intransigente com quem tivesse tido alguma rusga mais séria, ou contundente quando os fatos não ocorriam como ele desejava. Era homem de fortes rompantes Certa vez, me comunicou que um linguista americano iria ministrar uma aula no seu curso, mas que ele não estaria presente. Sem que ele discorresse mais sobre o fato, fui logo dizendo que não falava inglês. Deu-me a impressão de que eu atuaria como um tradutor simultâneo. Ficou diria mais que decepcionado com a realidade que se apresentava. O que planejara não dera certo.  “Mas como você não fala inglês? , me disse irritado. Minha formação básica era de língua francesa, a mais habitual para quem fez um Curso de Letras Clássicas no final dos anos de 1950. Certo dia,  me disse que eu precisava começar a escrever.  Não quero um assistente  ágrafo”,  me falava como que brincando. Neste mesmo dia, deu-me logo uma tarefa. Há poucos dias tinha morrido o grande filólogo Sousa da Silveira, que não chegara ser meu professor. “ Quero que escreva o seu necrológico para a revista “Estudos de linguística  teórica e aplicada “, de que era um dos diretores. Fiquei meio assustado, claro. Sousa da Silveira, elucubrava  eu, merecia alguém sistema queima de 48 horas de maior peso para falar de sua obra. Sorte a minha, pois escreveria sobre um autor cuja obra eu já conhecia razoavelmente. Tratei de aprontar logo a notícia em homenagem ao Sousa. Uma vez pronta, entreguei-a a Mattoso. Com tempo livre, procedeu logo a uma leitura dinâmica da notícia e , em poucas palavras, me comunicou: “ É isto mesmo, faça apenas um elogio  maior à ” Fonética sintática” ( uma das obras de Sousa), pelo seu quase ineditismo entre nós e me entregue o texto para encaminhá-lo à Revista. Não entendo por que tem medo de escrever. Recebi seu comentário como um grande elogio. Confesso, no entanto, que esperava maiores considerações da parte do sempre atento mestre. Mas não. Meu texto era evidentemente elogioso, ainda mais se tratando de um texto em homenagem. Mattoso admirava Sousa da Silveira, sua obra e o seu caráter. Sua grande ambição era substituí-lo na Cátedra de Língua Portuguesa da ainda Faculdade Nacional de Filosofia. Aberto o concurso (no final dos anos de 1950, quando eu era ainda recém-ingresso no Curso de Letras Clássicas), chegou a nele inscrever-se e apresentar sua tese, sobre as formas verbais em  –ria do português. Não prestou, contudo, o concurso, por razões, que me explicitaria anos depois, de política universitária, que se refletiria na constituição da banca examinadora, que se recusava a aceitar, integrada por dois historiadores, um crítico literário e um filólogo. O quinto examinador, a memória me apagou. Tal fato, era evidente conversando com Mattoso, muito desgostou a ele, marcou mesmo sua carreira universitária, impedindo-o de vir a alcançar a Cátedra, tendo já se tornado na ainda Universidade do Brasil, Doutor em Letras e Livre-Docente em Língua Portuguesa. Ao ser convidado por Mattoso para ser seu assistente, nunca ele tratou comigo da minha condição funcional na já Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Ele, o julgamento é meu, estava ,quando atuei como seu assistente, no auge de sua carreira de linguista, de uma disciplina que acabara de ser introduzida nos currículos de Letras, de modo que recebia inúmeros convites para palestras e cursos pelo Brasil afora. Por isso mesmo, não tinha tempo para acompanhar meus estudos.  Acumulava eu então os cargos de professor de Linguística da Universidade Federal Fluminense e de Português do Colégio Pedro II.O tempo, os anos passavam, e nenhuma palavra me era dada. Na verdade, estava eu sobrecarregado, com aulas em três instituições, pois, na UFRJ tinha sempre de estar presente às aulas de Mattoso e preparado para assumir de uma hora para outra o “tablado”, além da correção de estágios e provas. No Pedro II, costumava ter de 15  a 12 aulas semanais, distribuídas por três dias, com a média de 40 alunos cada turma. Na UFF, me pesava a responsabilidade de prosseguir na implantação da disciplina na Universidade. Período, além disso, de muito estudo, de muitas leituras a realizar para me sentir razoavelmente à altura das minhas novas responsabilidades. Certo dia, já em 1967,  procurei Mattoso e fiz ver a ele o meu problema. Na verdade, como seria remunerado pela UFRJ? Não poderia acumular três cargos públicos, ainda que contratado em um deles. Mattoso, meio surpreso, ficou de procurar o Afrânio Coutinho, então Diretor da Faculdade de Letras da UFRJ. Decorrido certo tempo, Mattoso me informou que o Afrânio, que era também catedrático do Pedro II, conseguira do Diretor que eu ficasse com menos uma turma. Ora, tal proposta não me convinha. Continuaria a ir ao Pedro II três vezes por semana. O trabalho que o curso na UFRJ me daria seria muito maior do que as aulas de uma turma do Pedro II. Em suma, continuaria a atuar em três instituições e a receber por duas. Uma boa solução para a UFRJ. Qual seria o meu futuro na UFRJ? Não podia aceitar esta proposta. Fiz ver isto ao Mattoso, que me liberou do compromisso com ele, não satisfeito com minha decisão. Pouco depois, recebo uma carta dele em que, em breves linhas, me dizia compreender minha situação, acrescentando que eu não me preocupasse com as aulas da UFRJ, pois tinha acertado já com duas professoras de muito bom nível. Na verdade, nunca tive tal preocupação. Sabia sim o passo que estava dando: abria mão de ser assistente da maior figura, na época, da Linguística no Brasil. Era uma referência de peso para quem pretendia firmar-se como professor de Linguística. Deixar um cargo em que era efetivo, o do Pedro II  , por um contrato precário, seria um desvario, com meu segundo filho prestes a nascer. Após a minha decisão de deixar a UFRJ, mais precisamente, deixar de  ser o assistente de Mattoso, houve um afastamento entre nós. Penso, senti que ele não tinha assimilado bem a minha atitude. Nem mesmo para a palestra de Jakobson quando esteve no Brasil, na UFRJ, fui por ele convidado. Não me lembro de ter encontrado mais com ele. Nos inícios de 1970, soube por alguém, de que não lembro mais, que Mattoso estava internado no IASERJ, com problema renal. Telefonei para D Maria Irene, que se mostrava muito preocupada. Mattoso tinha um problema renal antigo. Combinei com a sua delicadíssima esposa que iria visitá-lo. Ela tinha conseguido ocupar um quarto no hospital, pois ele estava no CTI, sem poder receber naquele dia visitas. A conversa que mantive com ela foi de extrema simpatia mútua. Fiquei de voltar para vê-lo, no que fui incentivado por ela. Câmara, como ela o chamava, sentindo naturalmente a gravidade do seu estado, lhe confidenciara  que lamentava não ter talvez mais tempo de escrever textos que tinha já amadurecidos. Não pude ver mais Mattoso. Um infarto lhe trouxe o fim, o fim de uma vida de luta, de determinismo, de muito estudo, de rara seriedade na sua função docente. Luta e determinismo sobretudo para ver a Linguística reconhecida no Brasil, obrigatória nos Cursos de Letras de todo o país. Ficou-me o consolo de, ao longo de minha carreira de professor universitário, de  ter convivido de perto com ele, de tê-lo como modelo de professor e de ter escrito inúmeros  textos sobre quase toda a sua profícua obra, tendo mesmo organizado os seus Dispersos, com a seleção de numerosos artigo menos conhecidos de sua produção acadêmica. Até hoje, orgulho-me de ser ainda  reconhecido como o primeiro assistente do linguista que introduziu a Linguística moderna no Brasil. Um “”scholar” devotado à sua ciência, notável professor , autor de uma obra que será sempre um marco na história dos estudos linguísticos no Brasil. Posted in Sobre a Linguagem Post navigation Homenagem ao meu pai  3 thoughts on “Mattoso Câmara visto por mim: o homem e  o professor.” Marcelo Meira says: Parabéns em decorrência da época tão bem retratada. Parabéns outra vez em conformidade com esse texto belo, histórico e que traduz sentimentos ” idos e vividos” como na doce expressão de Valladares. 31/08/2018 at 3:18 am Responder Lila says: Gostei muito do texto, que trouxe o seu temperamento, a sua forma de atuar em sala de aula, para mim que o conheço apenas por parte de sua obra, como o amigo bem disse, em uma escrita dura e muito sintética. Para mim foi uma agradável surpresa! E é de imenso peso no currículo de um profissional sério e dedicado como o amigo, ter sido assistente de alguém com a importância de Mattoso Câmara na Linguística no Brasil. Um grande e saudoso abraço. 31/08/2018 at 7:33 am Responder Frncisco da Cunha e Silva Filho says: Amigo uchôa, acabo agora mesmo a leitura de seu artigo-memória tanto de sua formação acadêmica, quanto da sua bela e por vezes meio triste história do relacionamento com o “pai da linguística do brasil”, denominação cabal e justíssima do linguista francisco gomes de matos.esse depoimento notável, a meu ver, pelos inúmeros ângulos na abordagem exposta, é um página histórica do seu convívio com mattoso camara. como não podia deixar de ser, o texto assume um tom de comovente homenagem a uma ds fiiguras mais fascinantes que eu tive como professor na antiga faculdade nacional de filosofia da universidade do brasil, na qual em 1996, aos 20 anos, ingressei no curso de portguês-inglês. foi , então, que tive a honra de ter sido aluno de j.Mattoso Câmara jr. foi, então, igualmente, que tive o prazer de ter sido seu aluno, a quem nós alunos chamávamos, em nossos papos de jovens e esperançosos estudantes de letras, de “mattosinho”. não havendo no diminutivo aí nenhum traço mínimo de desapreço por v. muito ao contrário. pessoalmente, também gostava muito de suas aulas, ministrada com rara competência e admiravelmente servida por uma didática de primeira linha. não fui um aluno seu brilhante, pois, naquela época de início de meu curso, eu estava mais era dedicando-me a namoros com um linda morena de olhos cor de mel, que é a minha esposa hoje, a Elza, a quem v. conheceu quando da minha visita à sua Câmara.

Fonte : internet

 

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