Desempenho de estudantes no DF mostra diferença alarmante


Do CorreioWeb


15122006
11h31-O desempenho dos estudantes da rede pública de ensino do Distrito Federal mostra diferenças alarmantes . De um lado, Planaltina e Sobradinho registram índices altos de reprovação. De outro, Lago Norte e Plano Piloto mostram bons resultados.

A conclusão é da pesquisa Fatores determinantes da violência interpessoal entre jovens do DF, realizada pela Caixa Seguros, que entrevistou adolescentes de oito regiões do DF. No levantamento, 80% dos jovens que vivem em Planaltina e 70% em Sobradinho disseram ter reprovado pelo menos uma vez na escola. No Lago Norte e Plano Piloto foram apenas 20% e 23%, respectivamente.

A chefe do Núcleo de Coordenação Pedagógica de Planaltina, Lílian Carneiro de Oliveira, explica que os índices do levantamento refletem a realidade das escolas da cidade. Os professores reclamam que os alunos estão desmotivados. A violência, a falta de perspectiva e a ausência da família são os principais fatores da reprovação, analisa. Segundo ela, os professores se sentem atados na hora de tentar ações afirmativas para resolver a questão. Já ouvi relato de uma professora contando que um aluno da 6ª série disse para ela desistir dele. Eles questionam porque os professores se preocupam com seu estudo. É preocupante, relata.

Para a diretora de Ensino Médio e Tecnológico da Secretaria de Educação, Maria de Fátima Gonzaga, dois fatores são determinantes para esta segregação: falta de perspectiva dos estudantes carentes em relação aos estudos e violência. O aluno que não consegue se imaginar em uma profissão só estuda para tirar o mínimo na escola. E esta falta de perspectiva certamente gera reprovação. Ele não se imagina em uma faculdade, então não se empenha, explica a diretora.

A diretora acrescenta que o Ensino Médio, aliado ao profissionalizante, é uma alternativa para dar perspectiva ao aluno. No DF há sete instituições técnicas, onde o aluno integra o que aprende no Ensino Médio com alguma prática específica. Duas delas, a Escola Agrícola de Planaltina, e o Centro de Ensino Profissionalizante Saúde ficam na região. Na escola técnica, o aluno se empenha para conseguir entrar no mercado de trabalho, por isso estuda para tirar boas notas. Outra questão é que a educação é voltada para melhoria da qualidade de vida, analisa.

A estudante Gleiciane Lima, que repetiu o 1º ano do Ensino Médio e hoje faz dependência para terminar o 2º grau, concorda com as especialistas. Segundo ela, quando não há um objetivo para final de curso, os estudantes não se empenham na escola. A estudante conta que sonhava em ser dentista, mas sabia que seria difícil conseguir passar na UnB. Eu só fui me empenhar mesmo depois que fiz um curso de auxiliar odontológica e vi que queria seguir a profissão. Com o curso, enxerguei uma perspectiva, conta.

Já para os estudantes que vivem no Plano Piloto, o curso superior é uma realidade mais próxima. A pesquisa revelou que 66% dos entrevistados que moram na Asa Sul e 48% na Asa Norte cursam estão nas faculdades. Algumas ações podem aumentar este quadro também para outras cidades. Na opinião de Lílian Carneiro, a instalação de um campus da Universidade de Brasília (UnB) em Planaltina pode diminuir em médio prazo os índices de reprovação. Sem dúvida, o campus na cidade vai refletir positivamente na educação da cidade, afirma.


Violência
Outro fator citado por Maria de Fátima como determinante para a segregação, a violência, é o foco principal da pesquisa. O levantamento constatou que o fato de o aluno repetir o ano aumenta em 8,1% a propensão de ele se envolver em ações violentas. Lílian confirma a pesquisa. O fato de Sobradinho e Planaltina estarem na frente em reprovação é decorrente da violência alta. É um ciclo vicioso, reprovação gera violência e vice-versa, explica.
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Maria José de Morais
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