Uma conversa doméstica me motivou a ir procurar informações sobre a Missão Cruls, que no século XIX demarcou o território onde seria implantado o Distrito Federal, na região centro-oeste do país. Aprendi muitas coisas. A missão foi aprovada em 1892, como iniciativa do Presidente Floriano Peixoto, segundo presidente do Brasil (1891-1894), que concluiu o mandato do Marechal Deodoro da Fonseca.

Floriano Peixoto, assim como Juscelino Kubitscheck, mais de meio século depois, adotou tenazmente a posição de fazer a transferência da capital do Rio de Janeiro para o interior, já prevista na Constituição da República. Constituiu a Comissão Exploradora do Planalto Central do Brasil, que partiu do litoral em 1892, viajando de trem, pela Ferrovia paulista Mogiana até Uberaba, onde terminavam os trilhos, e chegando ao seu destino no lombo de cavalos. Era liderada por Luís Cruls, engenheiro belga, radicado no Rio de Janeiro.

Entre outras tarefas, tinha a Missão Cruls a de demarcar a área do futuro Distrito Federal. O Retângulo Cruls, mais amplo do que o quadrilátero oficial dos dias atuais, foi demarcado entre as cidades de Pirenópolis, Santa Luzia (Luziânia) e Formosa e abrangia as nascentes das três principais bacias hidrográficas no Brasil: do Amazonas, do São Francisco e do Paraná.

Em 1894 houve uma segunda Missão Cruls, para escolher a posição exata da capital no interior da área demarcada. Dessa segunda expedição participou o botânico Glaziou, o primeiro a identificar condições favoráveis para a formação do Lago Paranoá. Segundo esse cientista, a área a ser alagada possivelmente já fora um lago em épocas imemoriais.

Fico olhando a superfície límpida do Lago Paranoá, o maior lago urbano do mundo, e imaginando se ali se refrescavam dinossauros ou outras espécies habitantes de Brasília na pré-história. Essa conjetura me fascina.

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