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A Fadinha Smiley visita Carolina

 

Carolina acordou com um barulhinho na janela. Ainda era de  noite, e estava escuro. Alguém estava batendo na vidraça: tec , tec, tec.  Ela olhou  com os olhinhos pesados de sono e viu...  Que surpresa! Viu uma pessoinha, parecia uma menina, tinha o rosto lindo e cabelos compridos, e  duas asas coloridas como uma borboleta.  A pessoinha estava sorrindo para ela.

Carolina achou melhor ir chamar a Mamãe e o Papai.  Pulou da caminha e foi até a porta do quarto deles. Estava fechada. Ela bateu com as duas mãozinhas:

__ Mã – Mã – ê ! Pa – Pa – ê!

A Mãe acordou e foi ver o que era. Encontrou Carolina sorrindo e apontando para a janela.

Lá fora a Mãe viu a pessoinha, tão bonita, batendo na vidraça com uma varinha cheia de estrelas. Parecia uma menininha, mas tinha duas asas coloridas como uma borboleta.

Carolina falou: _ Abre, mamãe. Abre a janela.

A Mãe hesitou um pouquinho. Nunca tinha visto uma menininha com uma varinha de estrelas e duas asas de borboleta. Mas ela tinha uma carinha tão linda, que  sorria para Carolina, e a Mãe resolveu abrir um pouquinho a janela.

A pessoinha voou para dentro do quarto. Carolina batia palminhas.

_ Quem é você? _ perguntou a Mãe. _ De onde você vem?

_ Eu sou a Fadinha Smiley, mas pode me chamar de Fadinha Sorriso.  Vim do Reino das Fadas para visitar a Carolina.

Os olhos de Carolina pareciam maiores e mais brilhantes do que eles  já são. Ela olhava surpresa e encantada para a Fadinha.

Mas a Mãe queria mais informações.

 _ Por que você veio aqui? _ Por que você escolheu a nossa casa?

_ É que eu voei por muitos países, até chegar a São Paulo , no Brasil. E fiquei observando a Carolina muitos dias.  No final concluí que ela era a menina mais sorridente do mundo. Por isso vim brincar um pouco com ela. Vamos brincar de cantar e dançar? A Carolina tem uma roupa de princesa?

A Mãe se lembrou de uma roupa de odalisca, azul, cheia de medalhinhas douradas, que a avó tinha trazido  da Turquia, um país muito longe.  Pegou a roupa na gaveta e a vestiu na menina. Depois calçou nela umas sandálias também douradas.

A Fadinha deu a mão à Carolina e à Mãe e foram as três brincar de roda e cantar. Foi a Fadinha Sorriso que começou a canção.  Era uma música lá do Reino das Fadas:

_ Se a Carolina quer dançar, o colar ela vai buscar. O colar é da Caroli __ ina. Dança, Carolina, dança. E a Mãe foi buscar o colar para a Carolina.

A Fadinha continuou a cantar:

_ Se a Carolina quer dançar, a pulseira ela vai buscar. A pulseira é da Caroli __ ina. Dança, Carolina, dança.

E a Mãe pegou a pulseira. Carolina olhou para a pulseira no bracinho  e bateu palmas. E a Fadinha prosseguiu o seu canto:

_ Se a Carolina quer dançar, a tiara ela vai buscar. A tiara  é da Caroli—ina. Dança, Carolina, dança.

E a Mãe pegou a tiara de princesa e pôs na cabeça da Carolina.

Aí a Fadinha cantou:

_ Se a Carolina quer dançar, o anel ela vai buscar. O anel é da Caroli—ina. Dança, Carolina, dança.

E assim, Carolina ficou linda como uma princesa . E as três dançaram, cantaram e riram muito.

_ Mas, de repente,  a Fadinha olhou pela janela e viu que a noite estava acabando :

_ Agora eu tenho de ir. O Reino das Fadas é longe, e eu tenho de ir voando até lá, antes do sol nascer para não queimar minhas asinhas.

A Mãe respondeu:

_ Volte sempre que quiser.

Carolina ficou triste, ao ver que a Fadinha se preparava para ir embora. Mas a Fadinha falou:

_ Não fique triste, Carolina. Porque você é uma menina-sorriso.  Cada vez que você sorri e mostra esses dentinhos que você acabou de ganhar, os seus olhinhos ficam ainda mais brilhantes e o mundo inteiro fica mais feliz.

 a Carolina voltou a sorrir,  bateu palminhas e jogou muitos beijos para a Fadinha, que saiu voando, com suas asas coloridas de borboleta e sua varinha cheia de estrelas.

A Mãe fechou a janela. Pela vidraça a menina viu a Fadinha se afastar, voando, voando, até que ela se transformou num pontinho no meio da noite, rodeado de estrelas.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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E por falar em Carmen Miranda . . .

 

Minha filha, Larissa Bortoni, enviou-me ontem (92) o roteiro de um programa sobre Carmen Miranda, a ser veiculado pela Rádio Senado FM, de sua autoria, em parceria com o colega jornalista Maurício De Santis.  Fiquei comovida com o texto, elaborado como se fosse uma sucessão de cartas escritas por minha mãe à sua irmã, falando da grande cantora e atriz.

Mamãe, de fato, acompanhava com interesse a vida da famosa Carmen Miranda. Costumava dizer que tinham a mesma idade, mas verifico hoje que a cantora nasceu em fevereiro de 1909 e minha mãe em janeiro de 1915.

Não sei se você, jovem leitora ou leitor, tem clareza sobre a importância que Carmen Miranda teve na formação de nossa cultura . Quantos brasileiros foram ou são bem conhecidos além das fronteiras nacionais? Contam-se nos dedos das mãos os patrícios que alcançaram alguma notoriedade e têm  seus nomes  citados no exterior. Contemporaneamente, os brasileiros que desfrutam dessa condição são os jogadores de futebol famosos, começando por Pelé, o mais famoso de todos, por Zico , que ficou muito conhecido  no Japão, e os dois Ronaldos, Cacá e Robinho, que, em anos recentes, conquistaram  o título de melhor jogador da FIFA.

Carmen Miranda, portuguesa de nascimento, cresceu no Rio de Janeiro, numa família de imigrantes pobres.  Começou a cantar e gravou seu primeiro disco em 1929. Tinha uma enorme empatia com o público.  Do Cassino da  Urca foi para os Estados Unidos, onde se transformou na Brazilian Bombshell. Chegou a ser a intérprete mais bem paga de Hollywood,  num período dos grandes ídolos do cinema.

O que mais me impressiona em sua carreira foi sua criatividade para criar uma persona, a baiana estilizada  de voz e gestos  sensuais, que acabaria por  tornar-se o próprio símbolo do Brasil no exterior.

A figura da baiana lhe veio da convivência com o jovem compositor Dorival Caymmi, que chegara ao Rio para mostrar o seu talento: “O que é que a baiana tem?” . O chapéu de bananas e frutas tropicais foi certamente ela mesma que criou, pois ela foi chapeleira antes de começar a fazer sucesso como cantora. As sandálias de plataforma também devem ter sido ideia dela, já que elas lhe acrescentavam alguns centímetros preciosos ao seu 1,53 m de altura.

Todos os seus biógrafos são unânimes em afirmar que, não obstante o grande sucesso e a fortuna que amealhou, ela foi muito infeliz, principalmente nas relações amorosas.  Mas essa tristeza não contaminava sua imagem pública, a própria personificação da alegria e da sensualidade dos trópicos.  O depoimento que faço a seguir é muito revelador da importância que ela  assumiu nos Estados Unidos.

Carmen Miranda faleceu prematuramente em 1955, de um infarto fulminante, em sua casa em Beverly Hills, Califórnia. Mais de dez anos depois, tive oportunidade de passar doze meses nos Estados Unidos, cursando o primeiro ano de universidade. Foram muitas as pessoas que, ao me conhecerem, faziam alusão a Carmen Miranda. Creio que era a única referência que tinham sobre o Brasil. Lembro-me  especialmente de um episódio. Eu havia ido com uma colega, de Cleveland, em Ohio, para Jacksonville, na Flórida e nos hospedamos na casa da família dela. Seu pai era um veterano da Guerra da Coreia. Durante todos os dias que passei com eles ele me falou de Carmen Miranda, como ela havia encantado a vida dele e de seus amigos.

Na década de sessenta, a figura da baiana, de lindas curvas e turbante de frutas, foi aos poucos cedendo lugar à figura da ‘girl from Ipanema’,  já que a música de Tom Jobim e Vinícius de Moraes tocava sem parar no rádio e nas  caixas de música em todos os bares. Mas não se pode esquecer que, por muitos anos, para os norte-americanos, tão etnocêntricos e ignorantes de tudo o que existe ao sul do Rio Grande, o Brasil permaneceu associado à imagem de uma jovem mulher, alegre, de olhos verdes, equilibrando bananas na cabeça, que cantava e acompanhava o ritmo de suas canções com o movimento dos quadris e um jeito sestroso de mexer as mãos. “Quando você se requebrar caia por cima de mim, caia por cima de mim, caia por cima de mim”.

 A persona criada por Carmen Miranda como símbolo do Brasil foi também assimilada pelos próprios brasileiros e é até hoje um ícone da cultura nacional.  Comandou o movimento da Tropicália e foi cantada em prosa e versos por Chico Buarque e Caetano Velloso, no  momento mágico em que regravaram a canção “ Nós somos as cantoras do rádio”, originalmente conhecida nas vozes de Carmen e sua irmã Aurora Miranda, nos dias de glória do Cassino da Urca, nos idos de 1940.

 

 

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Carmen Miranda, uma frágil mulher escondida sob um chapéu de frutas

 

 

Redação Central, 9 fev (EFE).- Por baixo do chapéu de frutas mais famoso da história do cinema se escondia uma pequena mulher muito mais frágil do que suas canções e apresentações refletiam: Carmen Miranda, a brasileira mais universal de todas, que nasceu em Portugal, há exatamente 100 anos.

 

Uma mulher que se casou com o único homem que lhe pediu em casamento, que lutou contra sua família para chegar a ser artista e que sofreu de uma terrível dependência de medicamentos, obscuras facetas da personalidade de quem, apesar de morrer com apenas 46 anos, chegou a ser a estrela mais bem paga de Hollywood.

 

Com apenas 1,52 metro de estatura e sobre um salto de 20 centímetros, Carmen Miranda conquistou Hollywood desde o momento em que atracou no porto de Nova York.

 

Com um punhado de palavras mal pronunciadas em inglês, ganhou a simpatia de maneira instantânea do público americano, como destaca um dos documentários mais importantes sobre sua vida: Carmen Miranda: Bananas Is My Business, de 1995, dirigido por Helena Solberg.

 

As palavras mal pronunciadas de Maria do Carmo Miranda da Cunha ao chegar, aos 30 anos, em Nova York, marcaram seu destino nos Estados Unidos.

 

Os americanos gostaram tanto de seu jeito de falar que Carmen nunca pôde mostrar seus progressos no inglês e teve de manter em público um terrível e cômico acento que a marcou tanto como os saltos, os chapéus, as frutas e as roupas que deixavam sua barriga à mostra.

 

Sua personagem popularizou o samba, um ritmo novo que ela introduziu nos Estados Unidos apesar de seu gosto pelo tango, primeiro ritmo que interpretou no início de sua carreira no Brasil.

 

Desde muito jovem queria ser artista, apesar da oposição de sua família, e começou a cantar em festas enquanto trabalhava em uma chapelaria, quando começou a desenhar chapéus com uma enorme imaginação.

 

O início de seu sucesso como cantora chegou em 1930, depois que gravou a marcha Pra Você Gostar de Mim. Menos de 10 anos depois, ela desembarcou nos Estados Unidos.

 

Carmen participou com enorme sucesso de vários musicais da Broadway - onde recebeu o apelido de a bomba brasileira - e depois se consagrou em Hollywood, onde participaria de 14 filmes entre 1940 e 1953.

 

A Pequena Notável se transformou em uma grande estrela internacional, e em 1945 tinha o melhor salário de Hollywood, acima de nomes como Cary Grant e Humphrey Bogart.

 

Como cantora, vendeu mais de 10 milhões de discos no mundo todo, e emplacou sucessos atemporais como Mamãe Eu Quero e Tico-Tico No Fubá.

 

O sucesso a levou a um ritmo de trabalho infernal, com até três espetáculos diários, combinados com rodagens de filmes e reuniões, o que só conseguia suportar com grandes quantidades de anfetaminas, em uma época na qual seu consumo em Hollywood era bastante generalizado e muito pouco ou nada criticado.

 

E para congestionar ainda mais sua concorrida agenda, foi nomeada embaixadora da política de boa vizinhança em direção à América Latina impulsionada pelo presidente Franklin D. Roosevelt.

 

Uma ocupadíssima e bem-sucedida vida profissional muito distante do fracasso da pessoal. Carmen passou por várias relações, um aborto (acidental ou provocado, segundo as versões) e um matrimônio com o produtor David Sebastian pela simples razão de que foi o único homem que lhe pedir em casamento.

 

Carmen Miranda realizou sua última aparição pública no programa televisivo de Jimmy Durante, em 4 de agosto de 1955, no qual, muito deteriorada fisicamente, ainda foi capaz, embora a tropeções, de fazer uma de suas típicas apresentações.

 

Morreu poucas horas depois de infarto, em seu quarto, enquanto um grupo de amigos participava de uma festa no primeiro andar de sua mansão. Ela tinha apenas 46 anos. EFE

 

 

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BATEDORES  DE CARTEIRA; PICK POCKETS E A CARA DE BABACA

 

Escrevo  hoje  com a intenção de obter a solidariedade de quem já teve a carteira ou a bolsa furtadas na rua. Não estou falando de assalto, sequestro relâmpago  ou de outras modalidades de  roubo com violência, que são experiências mais traumáticas, e mais perigosas. Falo do batedor de carteira, ladrãozinho cuja arma é apenas a esperteza, aliada  à habilidade de um prestidigitador, para enfiar a mão nas bolsas dependuradas nos ombro das mulheres ou no bolso  da calça ou bermuda dos homens, sem que os donos percebam os seus movimentos e  sua intenção. Quando se dão conta, é tarde, o meliante já está longe, e não raro já escolheu o que lhe interessava, no seu butim, geralmente dinheiro, cartão de crédito e algum documento para validá-lo, e jogou fora o resto, pois não vai cometer o vacilo de  ser pego em flagrante. 

Há poucos dias furtaram minha carteira no ônibus.  Evito andar de ônibus, mas era um trajeto tão curto, que me arrisquei. Estava viajando de pé, porque todos os assentos estavam ocupados.  Percebi quando um homem de meia idade me empurrou, sem violência. Ainda lhe perguntei se ele queria alguma coisa. Me respondeu que já estava descendo, na parada seguinte, e queria se aproximar da porta.  A parada seguinte também era a do meu destino. Saltei do ônibus, atravessei a rua, em direção ao shopping e só quando encontrei o caixa eletrônico do banco, que eu procurava, percebi que minha carteira já não estava comigo.  Demorou um pouquinho a ‘cair a ficha’, pois minha bolsa,  um belo trabalho de artesanato de tecido bordado, estava intacta, sem nenhum rasgão ou corte.  O cara tinha enfiado a mão na bolsa, que estava no meu ombro e pegado a carteira, e tudo que percebi foi um ligeiro empurrão, que interpretei como um pedido de licença para chegar à porta de saída do ônibus.

Fui cuidar então das providências de praxe: cancelar o cartão de crédito e procurar uma delegacia para fazer um b. o. _ um boletim de ocorrência, pois sem isso fica difícil conseguir segunda via da carteira de motorista que, por azar, estava junto com o cartão de crédito. Passado o susto, avaliei minhas perdas e danos, e não  eram de grande monta. O pior foi mesmo a sensação de ter sido passada pra trás, de me fazerem de boba. Me lembrei do Gonzaguinha : “ ... a gente não tem cara de babaca ...” ou seria “de panaca”?  . Imaginei o elemento pegando a condução, já com o propósito firmado, dando uma geral e me escolhendo para vítima: “Aquela ali nem é da cidade, tem cara de babaca, vai ser fácil”. O resto vocês já sabem.

A bem da verdade, tenho de admitir que não foi só em Salvador que vivenciei essa experiência.  Já me aconteceu também na elegante Oxford Street, em Londres. Eu havia defendido a tese de doutorado, na Universidade de Lancaster, ao norte de Londres, e estava feliz porque o trabalho havia sido indicado para publicação na vetusta editora da Universidade de Cambridge. Tinha que esperar  uns dias que houvesse vaga em voo da Varig para eu voltar pra casa, onde me aguardavam três pré-adolescentes  ansiosos e uma mãe muito enferma. De fato , ela veio a falecer uma semana depois que finalmente  cheguei  de volta a Brasília.

Decidi aguardar o meu voo em Londres, hospedada na Casa do Brasil, que ainda funcionava numa belíssima construção vitoriana, em Lancaster Gate. Foi aí que resolvi fazer umas compras na Oxford Street. Eram apenas umas lembrancinhas para trazer para as crianças. Entrei numa daquelas lojas de departamento. Carregava uma bolsa, em forma de meia lua, adquirida na feira de artesanato da Torre, em Brasília. A bolsa era de couro e tinha zíper. Mesmo assim alguém a abriu e levou a carteira, com as poucas libras que eu conseguira economizar. Naquela época, nós, brasileiros, não tínhamos cartão de crédito válido no exterior. Foi só no malfadado governo do Collor que nossos cartões de crédito passaram a ser válidos também fora do Brasil.  Sempre me lembro disso quando vêm à tona recordações daquele momento histórico : os caras-pintadas; a encarniçada disputa entre  os irmãos;  as sobras de verbas de campanha _ pois é,  essa história de verbas de campanha já é antiga .

Mas, voltando à Oxford Street, para fazer compras eu dispunha de alguns cheques de viagem e dinheiro em cash. Foi isso que o ladrão levou.

Aqui a narrativa salta para a Cidade do México, alguns anos depois. Eu estava com três colegas. Tínhamos ido participar de um congresso internacional de Pragmática e resolvemos esticar  uns poucos dias para fazer um turismo cultural. Há um grande leque de opções para esse tipo de turismo no México. Visitamos mais de uma vez o Museu de Antropologia, um dos melhores do mundo na categoria, todo dedicado às culturas locais pré-colombianas. Subimos também todos os degraus de todas as pirâmides maias e astecas e de outras etnias; visitamos feiras onde comemos tortillas e tacos. Enfim, conhecemos o que há de melhor naquele país. Eu dividia um quarto de hotel com minha colega, bem no centro da capital, na região mais atingida pelo terremoto que havia destruído  parte da cidade poucos  anos antes.

Um dia saímos os quatro para uma pequena excursão, na área urbana.  Nossas opções de transporte eram pegar um táxi ou o metrô. Eu era favorável ao táxi, mas fui voto vencido. O metrô, meus colegas argumentavam, além de ser muito mais barato é muito mais etnográfico. Já para entrar no trem, sentia que meus pés nem tocavam o chão. Fui sendo levada, imprensada  na massa de pessoas que também estavam entrando nos vagões. De repente, um dos colegas grita: “Levaram minha  pochete”. Lá dentro estavam todos os seus haveres: passaporte, passagem de avião de volta, cartões  de crédito e mais ou menos uma centena de pesos mexicanos.

Saltamos do trem na primeira parada, mas nem sinal das duas mulheres que lhe haviam surrupiado a bolsa. O restante do dia passamos na delegacia do turista. A partir daquela experiência acrescentei ao meu medo de terremoto o de ser roubada na rua.

Mas nem por isso desisti de fazer turismo. Com algumas precauções, como evitar as pochetes e as bolsas de artesanato, a menos que sejam muito seguras, e  não carregar na mesma bolsa todos os documentos, cartões e dinheiro, continuo a achar que essas viagens nos trazem mais alegrias que sobressaltos.

Salvador, 10 de fevereiro de 2009.

 

 

 

 

 

 

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RIO - No dia em que completaria 100 anos, Carmen Miranda (nascida em 9 de fevereiro de 1909 em Várzea da Ovelha, Marco de Canaveses, no norte de Portugal, mas radicada no Rio) vai ganhar uma homenagem à altura em... Portugal. A Cinemateca de Lisboa abre na próxima terça-feira uma mostra de nove filmes da atriz e cantora em Hollywood, produzidos nos anos 40 e 50. O ciclo Carnaval com Carmen Miranda abre com um curto documentário de Maria Guadalupe e Jorge Ilelli, de 1969, sobre a cantora e prossegue com Sinfonia de estrelas (1943), de Busby Berkeley, filme no auge do technicolor e um dos mais conhecidos de sua trajetória. O (nosso) Canal Futura exibe hoje, às 22h30, o documentário Banana is my business, sobre a “pequena notável”, que também terá sessão na Vivo Summer House, às 18h e 20h.

– Acredito que a visão em relação à figura de Carmen está mudando, as pessoas estão vendo com mais clareza o impacto que ela causou tanto na nossa cultura como na dos Estados Unidos – observa Helena Solberg, diretora de Banana is my business. – O legado dela está sendo mais valorizado, na época havia uma elite que não queria ver a imagem do país associada a Carmen e às músicas que cantava. Mas ela continua sendo um ícone tão forte que jamais envelheceu e segue despertando o interesse de diferentes gerações.

Em Portugal há mais barulho. No dia 18, será exibido Copacabana (1947), filme em preto e branco de Alfred Green na qual Carmen Miranda contracena com Groucho Marx numa história que se passa num bar de Nova York – momento em que interpreta Tico-tico no fubá. No sábado, uma maratona de cinco filmes, incluindo Férias nas montanhas (1942), de Irving Cummings, e A canção da felicidade (1946), de Lewis Seiler. Também está na programação O castelo das surpresas (1953), de George Marshall, o último filme de Carmen, feito dois anos antes da sua morte, que conta com a participação de Jerry Lewis e Dean Martin. O ciclo encerra com Uma noite no Rio (1945), de Irving Cummings, e Serenata boêmia (1944), de Walter Lang, musical em que Carmen Miranda interpreta a cartomante Princesa Querida e canta O que é que a baiana tem.

No Rio, a Brazilian Bombshell ganha uma exposição no museu que leva o seu nome, no Flamengo. Carmen Miranda, a pequena notável abre hoje com palestras de Ruy Castro, autor da biografia Carmen, e da secretária de Cultura Adriana Rattes. Nesta terça-feira, Marcos Sacramento assume o espaço, com um show dedicado inteiramente ao repertório de Carmen.

– Ela foi a rainha do suingue, até hoje não superada. Estava ligada a uma estética que a Tropicália exploraria décadas depois – aponta Sacramento. – O estereótipo criado após sua ida para Hollywood infelizmente ofuscou a musicalidade impressionante que ela tinha.

18:42 - 08022009


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Nasci no remoto ano de 1945, em São Lourenço, encantadora estação de águas no sul de Minas, aonde Manuel Bandeira e outros doentes iam veranear em busca dos bons ares e águas minerais, que lhes pudessem restituir a saúde.

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