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Caro Everaldo.
Sua viagem deve ser interessantíssima! Timor-Leste, entretanto tem uma história bem diferente da nossa. Para informações sobre as línguas gerais sul americanas (inclusive a língua geral paulista) veja o LALI em www.unb.brillali . Lá veja publicações. Há um artigo do Aryon sobre o assunto que acho o melhor até agora. Disse paulistaem oposição `amazônica, ainda falada aqui e ali na Amazônia, principalmente na região do Rio Negro. Veja também o IPOL (www.ipol.org.br ), onde talvez ache alguma coisa sobre as 3 línguas co-oficiais (por lei mesmo) creio que nessa mesma região.

Quanto ao subjuntivo, basta abrir os ouvidos. Pouca gente o usa. Até nosso ilustre presidente sistematicamente usa o indicativo. Tenho uma interessante entrevista em vídeo em que um homem (provavelmente) da classe D da região do grande Rio diz se Deus quiser, se Deus ajuda. No primeiro caso temos uma frase congelada e aparece o subjuntivo, mas na segunda não. A justaposição é interessante.

Permita-me citar um trecho de seu texto que interpretei como se referindo à minha transcrição do tipo
(s[e-yow]) SALE. Veja só, estou apenas usando os recursos do computador, sem alfabeto fonético, para sinalizar que na palavra SALE a consoante l , que se comporta como aproximante alveolar nessa palavra em inglês, se vocaliza (palataliza de acordo com nossos hábitos fonéticos) no português, quebrando a palavra em 2 sílabas. Os [ ] indicam que não são letras, mas sons. Mas certamente estou ensinando padre-nosso ao vigário, pelo que me desculpo.

Concordo, é claro, que a ortografia é uma convenção. Mas as mudanças constantes feitas a torto e a direito, por lei, tornaram-na opaca à história da língua e nos fez perder a noção da sua evolução e das mudanças ocorridas. Uma pena! Como saber que úmido era húmido, e associá-la a humid, humide, etc. Perdemos também a noção de que um H marcava a sílaba acentuada, como em Dinah. Aliás, concordo que nenhum empréstimo mexeu com nossa fonologia, mas nossa fonologia mexeu com os empréstimos. Esse era meu ponto original, lembra?

Boa semana e nos conte depois as suas experiências no Timor-Leste.
Um abraço,
Lucia

----- Original Message -----
From: Everaldo <ever_silva@hotmail.com>
To: <
CVL@yahoogroups.com>
Sent: Saturday, January 12, 2008 9:50 PM
Subject: [CVL] Re: NÃO DEFENDO O ALDO REBELO, MAS A LÍNGUA PORTUGUESA...

Bom domingo, Lúcia e demais colegas!

A ausência se deveu ao fato de eu não estar mais na Indonésia e com
a facilidade de acesso mesmo, mas já estar de volta em solo leste-
timorense...

Nossa sociolingüística, de Labov a Gumperz (sem esquecermos o nosso
Tarallo) certamente tem estudos bem interessantes também no contexto
do NURC. Uns vão achar que fiz um percurso reducionista...

Quanto à tentativa rabelial, é simplesmente uma das coisas de quem
não tem um plano de ações claro em prol do desenvolvimento da
comunidade que o elegeu e precisa demonstrar que está fazendo algo.

Que língua-geral paulista é essa? Eu me referi ao idioma falado
em toda a costa brasileira, para cujos povos Tupã era a força
criadora das coisas. Um crioulo de base local e mesclado com
palavras do português. Essa referência eu encontrei em Timor-Leste
ano passado (Babel lorosa´e) e fiquei intrigado com a comparação do
crioulo de base asiática com empréstimos do português e aquele que
outrora fora usado no Brasil. Comparação em termos de o português
não se ter estabelecido como língua vernácula.

Arriscar que o subjuntivo (ou conjuntivo para os portugueses) esteja
em desuso no Brasil, é interessante, recorrendo à sociolingüística
variacionista, informar-me quais são esses falantes, visto que eu
uso, todos os outros professores da cooperação brasileira aqui o
usam e se isso é um fenômeno mais voltado para os gêneros primários
ou secundários etc.

Boa parte do que você escreveu por aqui eu compartilho, embora minha
formação em Lingüística não seja num nível tão elevado
certificadamente (o nosso sistema universitário em nível de pós-
graduação muitas vezes é muito nefasto e excludente), principalmente
no tocante ao fato de ortografia não ser língua, mas servir para
representá-la. É muito estranho quando uma pessoa faça uma
comparação e se paute na ortografia das palavras e não em parâmetros
fonético-fonológicos; e por mencionar esse ramo
da microlingüística, uma convenção ortográfica não é pautada num
estudo fonético, mas levando em consideração a fonologia da língua,
em termos bem saussureanos mesmo. Bakhtin reconhece isso no capítulo
4 de Marxismo e filosofia da linguagem no tocante ao que se fazer
com o objetivismo abstrato.

Qual foi o empréstimo que mexeu com nossa fonologia? Ah não estamos
falando da mesma coisa mesmo! Qual fonema entrou no inventário
(espero mesmo que fique como herança para alguém) da língua
portuguesa usada no Brasil? Que eu saiba, nenhum.

Centremo-nos na interação, os mal-entendidos vão persistir ainda,
visto que imagino que não seja sua intenção me fazer pensar como
você pensa, assim como em absoluto é a minha, o contrário.

Um abraço,

Everaldo Freire ( Fonte: CVL)

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No meu tempo de freqüentador de aulas (estudante seria um exagero) era assim. A não ser quando a professora ou o professor designasse o lugar de cada um segundo alguma ordem, como a alfabética — e nesse caso eu era condenado pelo sobrenome a sentar no fundo da sala, junto com os Us, os Zs e os outros Vs —, os alunos se distribuíam pelas carteiras de acordo com uma geografia social espontânea, nem sempre bem definida, mas reincidente.

Na frente sentava a Turma do Apagador, assim chamada porque era a eles que a professora recorria para ajudar a limpar o quadro-negro e os próprios apagadores. Nunca entendi bem por que se sujar com pó de giz era considerado um privilégio, mas a Turma do Apagador era uma elite, vista pelo resto da aula como favoritos do poder e invejada e destratada com a mesma intensidade. Quando passavam para os graus superiores os apagadores podiam perder sua função e deixar de ser os queridinhos da tia, mas mantinham seus lugares e sua pose, esperando o dia da reabilitação. Como todas as aristocracias tornadas irrelevantes.

Não se deve confundir a Turma do Apagador com os Certinhos e os Bundas de Aço. Os Certinhos ocupavam as primeiras fileiras para não se misturarem com a Massa que sentava atrás, os Bundas de Aço para estarem mais perto do quadro-negro e não perderem nada. Todos os Apagadores eram Certinhos mas nem todos os Certinhos era Apagadores, e os Bundas de Aço não eram necessariamente certinhos. Muitos Bundas de Aço, por exemplo, eram excêntricos, introvertidos, ansiosos — enfim, esquisitos. Já os Certinhos autênticos se definiam pelo que não eram. Não eram nem puxa-sacos como os Apagadores nem estranhos como os Bundas de Aço nem medíocres como a Massa e nem bagunceiros como as Criaturas do Abismo, que sentavam no fundo. Sua principal característica era os livros encapados com perfeição.

Atrás dos Apagadores, dos Certinhos e dos Bundas de Aço ficava a Massa, dividida em núcleos, como o Núcleo do Nem Aí, formado por três ou quatro meninas que ignoravam as aulas, davam mais atenção aos próprios cabelos e, já que tinham esse interesse em comum, sentavam juntas; o Clube de Debates, algumas celebridades (a garota mais bonita da aula, o cara que desenhava quadrinho de sacanagem) e seus respectivos círculos de admiradores, e nós do Centrão Desconsolado, que só tínhamos em comum a vontade de estar em outro lugar.

E no fundo sentavam as Criaturas do Abismo, cuja única comunicação com a frente da sala eram os ocasionais mísseis que disparavam lá de trás e incluíam desde o gordo que arrotava em vários tons até uma proto-dark, provavelmente a primeira da história, com tatuagem na coxa.

Mas isso tudo, claro, foi na Idade Média.

 

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Entre as 180 línguas indígenas faladas no Brasil, boa parte está ameaçada de extinção; educação e até a tecnologia são armas na luta pela preservação

RL

Oworu. Hewera. Mikoi. I (e somente i). Eywa. Pusavi. Cada uma dessas seis palavras quer dizer árvore, respectivamente, nos idiomas dos karajá, kokama, sateré-mawé, kuikuro, asurini e arara. E poderíamos enumerar mais quase duas centenas de sinônimos: o Brasil tem 180 línguas indígenas faladas, entre as 225 etnias identificadas até hoje. Muito em relação ao que está na Constituição (que aponta a língua portuguesa como único idioma oficial brasileiro), mas pouco quando se leva em conta o passado. Estima-se que, em 1500, falavam-se nada menos que 1.078 línguas indígenas.

Boa parte dos 180 idiomas sobreviventes está ameaçada de extinção - mais da metade (110) é falada por menos de 500 pessoas. No passado, era comum as pessoas serem amarradas em troncos de árvores quando se expressavam em suas línguas, lembra o cacique Felisberto Kokama, um analfabeto para os padrões de nossa cultura - e um sábio, um dos guardiões da pureza de seu idioma (caracterizado por uma diferença marcante entre a fala masculina e a feminina), lá no Amazonas, no Alto Solimões.

Outro kokama, o professor Leonel, da região do município de Santo Antônio do Içá (AM), mostra o problema atual:

- Nosso povo se rendeu às pessoas brancas pelas dificuldades de sobrevivência. O contato com a língua portuguesa foi exterminando e dificultando a prática da nossa língua. Há poucos falantes, e com vergonha de falar. A língua é muito preconceituada entre nós mesmos.

Mundo perdido

É preciso, antes de mais nada, relembrar que cada idioma não significa apenas uma versão dos demais - mas uma representação própria de um universo cultural.

- Quando uma língua morre, e não tem documentação, perdemos a pecinha de um quebra-cabeça que é a linguagem humana - diz a professora Cristina Martins Fargetti, da Universidade Estadual Paulista (Unesp-Araraquara).

- É uma experiência diferenciada, milenar. A humanidade inteira perde um pedaço de si, uma parte importante de sua história quando se perde um idioma - define a professora Anna Suely Arruda Cabral, da Universidade de Brasília.

Nem todo mundo concorda com pesquisadores como o francês Claude Hagège, do Collège de France, segundo quem cada língua morta é um modo de pensar que se perde. O professor Eduardo Guimarães, da Unicamp, acredita que interessa à ciência conhecer uma língua que morreu, porque se pode ver nela elementos que explicam um jeito de pensar.

Mas não seria possível supor que há um modo de pensar necessariamente vinculado à língua, pois não existiria uma forma fixa de pensar melhor ou pior, um movimento que iria do positivo ao negativo, ou o contrário. Há alguns séculos, falava-se latim, hoje falam-se as línguas românicas, como o português. Do ponto de vista lingüístico, não se teria perdido nada com a extinção do latim, apenas se ganhou novas línguas. O fato, no entanto, é que as relações entre as línguas é política e a sobrevivência das minoritárias dependem de condições e decisões as mais diversas.

Para Anna Suely, da UnB, a velocidade da perda dos idiomas brasileiros tem sido superior à dos esforços pela preservação. O governo federal, que reconhecidamente vem apostando na formação de professores indígenas, anunciou em setembro um plano de preservação de idiomas indígenas ameaçados, pilotado pelo Museu do Índio. Vinte idiomas, no total. O Museu Nacional participa de um projeto mundial, o Dobes (Documentation of Endangered Languages, ou Documentação de Línguas Ameaçadas), que já registrou, sob uma tecnologia de arquivos multimídia, quatro línguas ameaçadas no Brasil.

Mas é muito comum que um ou outro antropólogo ou lingüista conheça alguns idiomas mais do que as crianças da própria etnia.

- Lingüista não salva línguas. Antropólogo não salva línguas. Quem salva são os índios. Que estejam fortes na sua cultura - explica Anna Suely.

Os índios

A pequena Taía Asurini, de 6 anos, fala um pouco, segundo sua mãe, Mosoropia Asurini. E canta. Morosopia é a única professora entre os membros de sua etnia, no Tocantins.

- Hoje, há três velhos dentro da aldeia que não entendem o português. Estes dias faleceu uma senhora que me ensinou a falar a língua, desde criança. Fiquei muito triste - afirma Mosoropia, que está fazendo, em parceria com a UnB, o Dicionário Asurini.

- Eu me emociono com minha língua - conta ela.

Durante um evento sobre línguas ameaçadas na UnB, Shaya Shawadawa, ou Francisca, chorou após apresentar um canto no idioma dos arara. Entre 460 pessoas da etnia, somente 10 falam e entendem bem o idioma de sua tribo. Ela mesma se exclui dessa lista, pois fala mais ou menos. Ela não falava arara até os 14 anos. Hoje milita na Organização dos Professores Indígenas do Acre. Tenta incentivar e sensibilizar as crianças.

- Hoje elas sabem 22 canções, nomes de aves, animais. Os adultos têm de se esforçar, não falar em português com os filhos, com os netos.

Sinvaldo Wahuka, professor karajá, cobra mais verbas públicas. Ele trabalha na Secretaria de Educação de Goiás e diz que sente falta de levar o índio de lá para cá, trazer professores que saibam cantar, contar histórias.

- O karajá tem a língua específica do cotidiano. Os cantos contêm os mitos, o nosso passado. Hoje a língua do branco está entrando como tempestade, derrubando folhas de palmeira. Nos anos 80, waha significava papai; dos 80 para cá, substituíram por babai.

Leosmar, ou melhor, Tinai, vive em uma terra indígena no Alto Rio Guamá, em Paragominas (PA). Considera tupan a palavra mais bonita em seu idioma. Ele e outros oito professores estiveram em Brasília num workshop, para aprender a ensinar seu idioma de modo mais eficiente.

- Estamos preservando mais, não deixando de ter contato com a sociedade que fala português.

Antigamente, o contato era entendido como o aprendizado de tudo o que era do branco e o esquecimento da própria cultura, diz Tinai. E a cultura dos tembé se manifesta pela língua tenetehára. Que, em bom português, significa a língua verdadeira. (Colaborou Fábio de Castro)

Pelo mundo, uma situação similar

No Canadá e nos Estados Unidos há 175 línguas. Mas só 20 são aprendidas em casa pelas crianças, informa a pesquisadora Leanne Hilton, da Universidade da Califórnia, em Berkeley. O motivo, segundo ela, é econômico.

- Quando a sobrevivência física e econômica está em jogo, as práticas culturais e a língua tornam-se preocupações secundárias. As pessoas escolhem a língua que lhes é mais útil economicamente - diz a norte-americana.

Os exemplos se repetem pelo mundo. O professor peruano Angel Corbera Mori, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), informa que entre os omáguas só há cinco falantes com mais de 70 anos. No Chaco argentino, segundo a pesquisadora Bruna Franchetto, do Museu Nacional (UFRJ), foi documentada a expressão do último falante do idioma dos vilela, em um lugar marcado pelos genocídios.

Línguas feias

Nos Estados Unidos, uma figura foi decisiva para o extermínio de vários idiomas: o coronel Pratt, autor da máxima: Mate o índio, salve o homem. Foi ele quem organizou no século 19 a primeira escola em regime de internato, onde as crianças eram punidas quando falavam as próprias línguas. Segundo Leanne, foi o Movimento pelos Direitos Civis que representou o início de uma conscientização que leva a uma revitalização lingüística, por meio do ensino bilíngüe.

- As escolas diziam aos nativos que suas línguas eram feias, ruins, inúteis. Índios brasileiros de várias etnias descrevem o mesmo em relação à população atual. E há um precedente no campo da alta cultura: padre Vieira chegou a classificar os idiomas indígenas como desarticulados, estúpidos, um aborto da natureza - conta a pesquisadora.

Para Jeanne, a revitalização lingüística coincide com a cultural.

- Se a escola for de imersão a criança se torna fluente na língua. Os hawaino (havaiano) já estiveram quase sem falantes com menos de 50 anos, há 20 anos; agora há milhares de jovens falantes e eles podem aprender o idioma como segunda língua na universidade.

À necessidade de se preservar a língua viva, falante, soma-se a preocupação em se fazer o registro histórico das línguas ameaçadas. À frente do programa de documentação Dobes no Brasil, a italiana Bruna Franchetto, do Museu Nacional, informa que já foram realizados 40 projetos de preservação da língua pelo mundo. A tecnologia desenvolvida pelo Instituto Max-Planck, na Alemanha, disponível em software livre, aposta nas possibilidades multimídia do arquivo de linguagens e na participação das comunidades indígenas como protagonistas desses documentos. (ARS)

Ontem e hoje

Em 1500, antes da chegada dos conquistadores europeus, os indígenas somavam 6 milhões e o país era deles. Foram aniquilados em massa e, na primeira metade do século 20, não passavam de 200 mil: menos de 4% de sobreviventes.

Aos poucos, graças a políticas públicas de exceção, estimuladas por movimentos sociais de minoria, registrou-se um aumento populacional constante.

Hoje, as estatísticas mais respeitáveis estimam que a população indígena no Brasil compõe-se de 400 mil a 500 mil indivíduos, mas não há números exatos. De acordo com o censo populacional do IBGE de 2000, existiriam 734.131 índios brasileiros, mas esse total é questionado, pois foi obtido por informações sobre cor de pele, e não por meio da auto-identificação étnica. (RM)

Preservação depende de lingüistas

Sem peso político e com dificuldade de sobreviverem, línguas indígenas dependem da perseverança de pesquisadores

Estima-se que as línguas morram na razão de 25 por ano. Hoje, há pouco menos de 6 mil vivas. Nesse ritmo, no fim do século, teremos só a metade dos idiomas atuais. Qualquer língua falada por menos de 100 mil pessoas é considerada ameaçada. Todas as línguas e todos os dialetos indígenas no Brasil têm menos de 40 mil falantes.

A maioria (110) das 180 línguas indígenas atuais tem menos de 400 falantes. Outras 60 têm entre 400 e 3 mil pessoas que as usam. Há 12 línguas com mais de 3 mil usuários. Cabem nos dedos de uma só mão as que têm mais de 10 mil falantes: o tikuna, macuxi, terena e kaingang.

Línguas minoritárias, com populações de no máximo mil pessoas, representam três quartos (76%) das nossas línguas indígenas. X têm apenas um falante.

O professor da Unicamp Eduardo Guimarães acredita que a língua com um só usuário, na prática, já morreu. Nesses casos, o falante, diz Guimarães, terá um saber sobre esta língua, mas não a pratica mais. Com as outras pessoas ele vai usar a língua delas e o pesquisador que estuda o idioma será capaz de recolher as estruturas lingüísticas, mas não o funcionamento concreto daquela língua, afirma o professor.

Resistências

Outras tribos chegam a manter uma atividade comum ativa, mas sem usar mais o idioma que as uniu na origem. É de uma tribo que há gerações não fala o próprio idioma que surgiu a primeira doutora indígena do Brasil. Maria Pankararu defendeu em abril o doutorado em lingüística na Universidade Federal de Alagoas. Sua tribo tem 4 mil pessoas em Pernambuco, mas ninguém mais fala o idioma indígena. A pedagoga e historiadora concentrou-se no estudo da ofayé, falada por apenas 11 das 46 índios de uma tribo do interior do Mato Grosso do Sul (vivem no lugar mais 27 brancos de casamentos interétnicos). Maria criou uma cartilha com a gramática da tribo.

Raros, portanto, os casos como o de São Gabriel da Cachoeira (AM), que há exato um ano regulamentou lei que determina três línguas como co-oficiais. Talvez isso só pudesse ter ocorrido naquela cidade. São Gabriel tem maior população indígena do país (73% dos 29,9 mil habitantes). Agora, o uso do nheengatu, do baniwa e do tucano será obrigatório em repartições públicas, escolas, bancos, igrejas, comércio, publicidade, sistema judiciário e meios de comunicação.

As línguas indígenas dependem muitas vezes da ação isolada de lingüistas, como Maria Pankararu, para registrar e difundir idiomas que são apenas falados, cada vez menos falados. Pesquisadores como Aryon Dalllgna Rodrigues, professor do Laboratório de Línguas Indígenas da UnB, acreditam que é alta a necessidade de pesquisas científicas que documentem, analisem, classifiquem e interpretem idiomas cuja maioria só existem no Brasil, e que se assegure condições às tribos de transmitir suas línguas a outras gerações.

Maria Pankararu, a primeira doutora índia do país: incapaz de fazer estudo lingüístico do próprio idioma
Crédito: Folha Imagem

Copiado da CVL




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RUY CASTRO Palavras proibidas

RIO DE JANEIRO - Uma comissão da Câmara aprovou por unanimidade (ou seja, sem ler) o projeto do deputado Aldo Rebelo (PC do B-SP) banindo os estrangeirismos em voga no Brasil e obrigando sua substituição por equivalentes da língua portuguesa. Se o projeto for aprovado pelo Senado, significa que Aldo Rebelo passará a ditar como Millôr Fernandes, Carlos Heitor Cony, Luis Fernando Verissimo e todos nós poderemos escrever.
Fico imaginando se Aldo Rebelo tivesse imposto sua novilíngua no século 19. Constaria apenas das palavras portuguesas e, quem sabe, indígenas. Isso quer dizer que ficaríamos privados da contribuição negra ao nosso vocabulário, já que muitos dos africanos trazidos como escravos eram estrangeiros, de nações fora do domínio colonial luso.
Angu, balaio, balangandã, banzé, banzo, batuque, berimbau, bugiganga, bunda, cachaça, cachimbo, caçula, cafuné, calombo, cambada, camundongo, candomblé, careca, cochilo, dengo, engambelar, fubá, jiló, macambúzio, mandinga, marimbondo, minhoca, mocotó, moleque, muamba, muxoxo, quitute, samba, senzala, tanga, vatapá, xingar, zumbi. Estas são apenas algumas palavras que viajaram nos porões dos navios e não seriam permitidas. Para Aldo Rebelo, só valeriam as que viessem no convés, faladas pelos brancos.
O nacionalismo tem suas virtudes, uma delas a de não se sujeitar a ser imposto por uma penada -exceto na Albânia, país dos amores do deputado. De fato, o brasileiro tem abusado do inglês em suas estratégias de marketing (olha ele aí) e fachadas de lojas. A cafonice impera. Mas a língua possui lógica própria. Só conserva o que o povo quer, e essa definição leva tempo.
Aldo Rebelo já fez melhor. Em 2005, graças a ele, o governo Lula instituiu o dia 31 de outubro como o Dia do Saci Pererê. ( Folha de São Paulo)

Respostas

1 Tóquio, que já é hoje a maior cidade do mundo e deverá manter o título em 2020, com população projetada de mais de 37 milhões

2 Thriller

3 de ressaca

4 General Motors

5 Fiat

6 a Nova Zelândia, em 1893. A Finlândia concedeu-o em 1906, a União Soviética, em 1917 e os Estados Unidos, em 1920

7 1932

8 5768

9 Odisséia

10 13,7 bilhões de anos. 4,5 milhões de anos é a data comprovada do surgimento dos hominídeos, e 6 000 anos é o tempo de história registrada da civilização

11 23

12 Varíola, febre amarela e peste bubônica

13 ...E o Vento Levou, que, em valores atualizados, contabiliza uma bilheteria mundial de mais de 2,6 bilhões de dólares

14 segundo a Organização Pan-Americana de Saúde, as doenças do sistema circulatório têm, disparado, a maior taxa de mortalidade: 158,4 por 100 000 habitantes. As neoplasias (câncer) têm uma taxa de 68,5 e as doenças infecciosas, de 51,9

15 70%

16 parto

17 Samuel L. Jackson, graças à sua participação em três filmes da série Star Wars

18 9 bilhões de dólares

19 60, segundo dados de outubro da Anatel

20 a Terra gira em torno do Sol

21 10,5 milhões. 65 milhões se declararam pardos e 91 milhões, brancos

22 2048. Segundo um estudo recente, em 2003 um terço de todas as espécies comerciais já tinha declinado para 10% do seu volume histórico máximo

23 padre Vieira

24 A alternância de poder entre São Paulo e Minas, na República Velha

25 ambas no Terceiro Mundo

26 6 milhões de pessoas. Embora essas doenças sejam causadas por agentes diferentes, costuma-se reuni-las porque as três têm prevenção relativamente simples; a maioria dos casos de tuberculose e malária é curável; e a aids pode ser controlada como uma doença crônica. Mas todas as três também estão associadas a condições precárias de saneamento eou educação

27 regenciais

28 40 milhões

29 varíola

30 segundo dados de 2003 do IBGE, 41% dos brasileiros adultos estão acima do peso ideal – ou seja, têm índice de massa corporal (IMC) acima de 25

31 a Constituição do Império, que vigorou de 1824 até a proclamação da República, em 1889

32 Vasco da Gama

33 Dante Alighieri, Petrarca e Tomás Antônio Gonzaga

34 D. Quincas Borba originalmente era um filósofo meio amoral em Memórias Póstumas de Brás Cubas. Mas, no início de Quincas Borba, ele já está morto – e seu herdeiro, Rubião, deu seu nome a um cachorro

35 todos os três

36 Manifesto Antropófago, de Oswald de Andrade

37 segundo dados de 2006, o Canadá, seguido, pela ordem, de China, México, Japão e Alemanha

38 segundo dados de 2006, os maiores parceiros comerciais do Brasil são, pela ordem, Estados Unidos, Argentina, China e Alemanha

39 a França, que em 2006 atraiu cerca de 79 milhões de visitantes e foi seguida pela Espanha, com 58,5 milhões, e pelos Estados Unidos, com 51 milhões

40 Itália

41 a Trincadeira, usada quase que exclusivamente em Portugal. As outras vêm produzindo vinhos premiados na América do Sul e na Oceania

42 acarvoado. Os outros três fazem parte do vocabulário habitual dos provadores de vinhos

43 segundo a Câmara de Comércio Internacional, trata-se da China, seguida, pela ordem, de Rússia, Índia e Brasil

44 três trabalhadores

45 segundo dados deste ano do IBGE, 13%

46 os cinco países de maior população islâmica no mundo são a Indonésia, a Índia, a China, o Paquistão e Bangladesh. Todos ficam na Ásia

47 Jesus, no Evangelho de Mateus, 10:34

48 uma das mais antigas religiões japonesas, o xintoísmo pregava, até o século XX, a adoração ao imperador como um deus

49 cerca de nove em cada dez iranianos são xiitas. Nos outros três países, os sunitas são maioria

50 a distância que a luz percorre em um ano, ou 9,5 trilhões de quilômetros

51 fruto de mutações aleatórias transmitidas para as gerações posteriores por meio da seleção natural

52 testosterona exógena, ou seja, não produzida pelo organismo em que foi encontrada

53 padre Marcelo, com 3,2 milhões de cópias de Músicas para Louvar ao Senhor

54 Empire State Building

55 Mariah Carey

56 Henri Cartier-Bresson

57 mesmerismo

58 O Alquimista, 13º colocado entre os livros de ficção

59 87%

60 elétrico e a gasolina

61 Greta Garbo

62 sexta posição

63 1%

64 A. B é de ...E o Vento Levou, C de Quanto Mais Quente Melhor e D de O Exterminador do Futuro

65 O Bem-Amado

66 Dorival Caymmi

67 Walter Forster e Vida Alves, na novela Sua Vida Me Pertence, exibida pela Tupi em 1951

68 Luiz Gustavo

69 de uma campanha da Coca-Cola

70 o Renascentismo. O padre francês Pedro Abelardo (1079-1142) foi pioneiro do intelligo ut credam nas questões de fé, mas só no Renascimento esse impulso racional se popularizou

71 em seu livro A Palavra Pintada, Wolfe comparou as imitações de Pollock a vômito e a espaguete

72 Beethoven. Karajan se excedeu na regência da obra de todos esses compositores, mas, graças às suas três gravações do ciclo completo das sinfonias de Beethoven, é com sua obra que ele é mais imediatamente associado

73 três

74 Orlando Silva e Emilinha Borba

75 o trecho inicial da canção infantil Mary Had a Little Lamb

76 ao senador Paul Sarbanes e ao deputado Michael Oxley, seus propositores

77 11 282 metros foi a profundidade atingida recentemente pelo poço Z-11, de uma subsidiária da Exxon, à margem da Ilha Sacalina, na Rússia

78 B. O carpaccio foi inventado no Harry’s Bar de Veneza em 1950, por solicitação de uma freguesa, e batizado pelo dono do bar com o nome do pintor, que era também veneziano e famoso pelo vermelho rutilante

79 porque havia a crença de que a ciência soviética faria dele o primeiro ser humano a voltar à vida

80 Wyatt Earp. Curiosamente, o xerife morreu aos 80 anos, provavelmente de câncer da próstata. Apesar de ter se envolvido em centenas de trocas de tiros durante a vida como homem-da-lei, nunca levou uma bala — nem sequer de raspão

81 todas elas

82 o Ato de 1862 criou as sociedades de responsabilidade limitada e deu ao investidor a segurança para colocar dinheiro em empreendimentos e, em caso de falência, perder apenas a quantia investida — e não todo o seu patrimônio, como antes

83 Estados Unidos, Inglaterra, França e Alemanha

84 três: o cambojano Maddox, o vietnamita Pax e a etíope Zahara. Ela e o marido, Brad Pitt, têm ainda uma filha biológica – Shiloh, de 1 ano e 7 meses

85 navegar em alta velocidade na internet

86 falta de exposição à luz solar

87 A. Segundo o americano Robert Greenberg, um dos mais conhecidos estudiosos do músico alemão, a peça tem soluços, arrotos e até aquele som típico de quando esses problemas tomam o rumo sul. Arghh!

88 uma a cada duas semanas

89 assassinado por engano, por um soldado das Forças Aliadas

90 Afeganistão e Paquistão. Historicamente, o grosso dos refugiados não emigra para longe, e sim foge para países fronteiriços

91 Cairo

92 Chanel deu forma ao tailleur e popularizou-o. O New Look foi a silhueta inventada por Dior no pós-guerra, e a minissaia, o grande lançamento da inglesa Mary Quant

93 neste ano

94 sua ópera Lady Macbeth de Mtsensk desagradou aos nacionalistas russos

95 Robert Oppenheimer

96 os três

97 o cristianismo, com 2,1 bilhões de adeptos. O islamismo contabiliza 1,5 bilhão de seguidores e o hinduísmo, 900 milhões

98 o Japão, onde a expectativa de vida hoje é de 85,8 anos para as mulheres e 79 anos para os homens

99 um movimento lançado por cineastas como François Truffaut e Jean-Luc Godard

100 nenhuma das anteriores

 

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Uma palavra depois da outra


Crônicas para divulgação científica

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Perfil

Nasci no remoto ano de 1945, em São Lourenço, encantadora estação de águas no sul de Minas, aonde Manuel Bandeira e outros doentes iam veranear em busca dos bons ares e águas minerais, que lhes pudessem restituir a saúde.

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