20 12 2006 - agência envolverde
O perigo mora ao lado
A insegurança das ruas criou uma geração de jovens desconfiados
Até década de 90, era muito comum encontrar grupos de jovens conversando e se divertindo nas ruas até tarde. A cena deixou de ser corriqueira, independente da classe social. O medo e a insegurança encontrados além da porta de casa fazem com que os adolescentes vejam tudo o que vem de fora como uma grande ameaça. Proteção mesmo, só ao lado da família. A desconfiança excessiva é ainda responsável pela formação de uma geração de jovens cada vez mais individualistas.
A constatação é de um grupo de pesquisadores do Laboratório de Microgênese das Interações Sociais (Labmis) da Universidade de Brasília (UnB), coordenado pela professora Angela Branco, do Instituto de Psicologia. Há seis anos, eles estudam o comportamento e a visão dos adolescentes e jovens adultos por meio de debates em grupo, estimulados por capítulos de novelas ou filmes. Do último estudo, iniciado em janeiro de 2005, participaram 48 jovens, de diferentes classes sociais, com idades entre 15 e 22 anos. Eles foram confrontados com sete capítulos polêmicos de uma novela da Rede Globo.
No vídeo, os participantes entraram em contato com temas como violência, ética e moralidade e homossexualidade. Foram selecionados trechos onde a mensagem não estava tão clara. “Queríamos incentivar discussões em que as respostas não fossem necessariamente as socialmente e moralmente desejáveis, como em uma entrevista comum, mas que refletissem o que eles realmente pensam”, explica Angela.
VALORES – Os jovens selecionados são estudantes de uma escola da rede pública de Planaltina (Distrito Federal), de um supletivo para alunos de baixa renda e calouros de dois cursos da UnB. Cada grupo de doze jovens debateu as possíveis soluções para as situações apresentadas nos capítulos. Ângela conta que a mídia tem um impacto muito forte na socialização das pessoas. “As novelas, principalmente, repassam valores culturais, destacando o que é certo e errado, desejável e indesejável”.
O resultado encontrado foi um discurso carregado de argumentos individualistas. “Pedimos para que eles dissessem o que fariam em cada situação. As respostas quase sempre convergiam para as decisões mais vantajosas para cada um”, conta. O individualismo explícito pode ser explicado pela própria situação de insegurança vivenciada nos jovens hoje. “Percebemos um medo muito grande do ‘outro’, que é sempre visto como fonte de perigo”, ressalta a pesquisadora. Segundo ela, como não sabem em quem confiar, a maioria acaba pensando somente em seu próprio bem.
DESCONFIANÇA – No caso dos jovens de baixa renda, a desconfiança se estende até os amigos mais próximos. Muitos acreditam que o colega pode ser um caminho curto para as drogas e a violência. Além disso, a maioria deles evita qualquer situação que gere divergência de idéias. “Os dados nos apontam que os jovens têm dificuldade de lidar com conflitos de forma construtiva, positiva. Para eles, toda confrontação acaba levando à violência”, detalha. Eles acreditam que somente a própria casa é o lugar seguro. A psicóloga explica que a família é o único refúgio, principalmente nos bairros mais carentes.
Outro ponto importante da pesquisa é que a mãe foi retratada pelos entrevistados como um ser quase sagrado, a quem sempre podem recorrer. Apesar de a rebeldia e a discordância dos pais serem um comportamento típico do adolescente, os jovens confessaram gostar dos conselhos das mães. Um deles disse que ”o que a mãe fala, você pode ter certeza que é verdade”. Outra argumentou que “mãe só tem uma, mas pai pode haver vários”.
ESCOLA – Nas classes média e alta, uma característica chamou a atenção dos pesquisadores: a supervalorização das instituições de ensino. “A maioria deles vê a escola como uma possibilidade de ascensão, por ser considerada decisiva para garantir uma vaga na universidade”, destacou a psicóloga.
Não foi encontrada qualquer tipo de referência a possíveis influências negativas da escola. “Eles não têm uma visão crítica sobre a experiência escolar. Com isso, as decisões da instituição passam a ser inquestionáveis, o que também não é bom”, critica Angela.
Ela afirma que a insegurança da nova geração é preocupante. “Com esse medo excessivo, as pessoas se retraem e não trabalham em prol da coletividade”, explica. O clima estressante gerado pela competição e pela falta de suporte social entre as pessoas passa a ser considerado normal. “O medo faz com que as pessoas se afastem umas das outras para evitar ‘problemas’, mas acaba se formando uma geração que não aprende a cooperar, a trabalhar em equipe de forma construtiva, a ser solidária”, alerta.
e individualistas, diz estudo da UnB.
Desempenho de estudantes no DF mostra diferença alarmante
Do CorreioWeb
15122006
11h31-O desempenho dos estudantes da rede pública de ensino do Distrito Federal mostra diferenças alarmantes . De um lado, Planaltina e Sobradinho registram índices altos de reprovação. De outro, Lago Norte e Plano Piloto mostram bons resultados.
A conclusão é da pesquisa Fatores determinantes da violência interpessoal entre jovens do DF, realizada pela Caixa Seguros, que entrevistou adolescentes de oito regiões do DF. No levantamento, 80% dos jovens que vivem em Planaltina e 70% em Sobradinho disseram ter reprovado pelo menos uma vez na escola. No Lago Norte e Plano Piloto foram apenas 20% e 23%, respectivamente.
A chefe do Núcleo de Coordenação Pedagógica de Planaltina, Lílian Carneiro de Oliveira, explica que os índices do levantamento refletem a realidade das escolas da cidade. Os professores reclamam que os alunos estão desmotivados. A violência, a falta de perspectiva e a ausência da família são os principais fatores da reprovação, analisa. Segundo ela, os professores se sentem atados na hora de tentar ações afirmativas para resolver a questão. Já ouvi relato de uma professora contando que um aluno da 6ª série disse para ela desistir dele. Eles questionam porque os professores se preocupam com seu estudo. É preocupante, relata.
Para a diretora de Ensino Médio e Tecnológico da Secretaria de Educação, Maria de Fátima Gonzaga, dois fatores são determinantes para esta segregação: falta de perspectiva dos estudantes carentes em relação aos estudos e violência. O aluno que não consegue se imaginar em uma profissão só estuda para tirar o mínimo na escola. E esta falta de perspectiva certamente gera reprovação. Ele não se imagina em uma faculdade, então não se empenha, explica a diretora.
A diretora acrescenta que o Ensino Médio, aliado ao profissionalizante, é uma alternativa para dar perspectiva ao aluno. No DF há sete instituições técnicas, onde o aluno integra o que aprende no Ensino Médio com alguma prática específica. Duas delas, a Escola Agrícola de Planaltina, e o Centro de Ensino Profissionalizante Saúde ficam na região. Na escola técnica, o aluno se empenha para conseguir entrar no mercado de trabalho, por isso estuda para tirar boas notas. Outra questão é que a educação é voltada para melhoria da qualidade de vida, analisa.
A estudante Gleiciane Lima, que repetiu o 1º ano do Ensino Médio e hoje faz dependência para terminar o 2º grau, concorda com as especialistas. Segundo ela, quando não há um objetivo para final de curso, os estudantes não se empenham na escola. A estudante conta que sonhava em ser dentista, mas sabia que seria difícil conseguir passar na UnB. Eu só fui me empenhar mesmo depois que fiz um curso de auxiliar odontológica e vi que queria seguir a profissão. Com o curso, enxerguei uma perspectiva, conta.
Já para os estudantes que vivem no Plano Piloto, o curso superior é uma realidade mais próxima. A pesquisa revelou que 66% dos entrevistados que moram na Asa Sul e 48% na Asa Norte cursam estão nas faculdades. Algumas ações podem aumentar este quadro também para outras cidades. Na opinião de Lílian Carneiro, a instalação de um campus da Universidade de Brasília (UnB) em Planaltina pode diminuir em médio prazo os índices de reprovação. Sem dúvida, o campus na cidade vai refletir positivamente na educação da cidade, afirma.
Violência
Outro fator citado por Maria de Fátima como determinante para a segregação, a violência, é o foco principal da pesquisa. O levantamento constatou que o fato de o aluno repetir o ano aumenta em 8,1% a propensão de ele se envolver em ações violentas. Lílian confirma a pesquisa. O fato de Sobradinho e Planaltina estarem na frente em reprovação é decorrente da violência alta. É um ciclo vicioso, reprovação gera violência e vice-versa, explica.
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Maria José de Morais
Serviço de Documentação
INESC - Instituto de Estudos Socioeconômicos
tel. 3212.0209 - visite nosso site www.inesc.org.br
Indez Bartolomeu Campos de Queirós
Nunca é tarde para se conhecer um bom livro. Ganhei de minha aluna de doutorado, Celina Josetti, na ‘ultima aula do semestre, um exemplar do livro Indez, do escritor mineiro, Bartolomeu Campos de Queirós. É um livro de ficção para o público leitor infanto-juvenil, mas poderia ser um livro de Etnografia sobre uma comunidade familiar do interior de Minas.
O autor já é um veterano no gênero, vencedor do Prêmio Orígenes Lessa - Melhor Livro Para Jovens – FNLIJ; Prêmio Jabuti - Melhor Autor de Livro Juvenil – CBL, Prêmio Internacional de Literatura Infantil - Brazilian Book Magazine - Best Book for children,
e pertence à Lista de Honra do IBBY - Infantil entre os 100 melhores do mundo (http:www.caleidoscopio.art.brbartolomeuqueiroslivros.htm ( acesso em 11122006). É natural de Papagaio, no interior de Minas, mas vive
Fui ao dicionário conferir o significado de “indez”. Segundo o Houaiss, é um ovo que se deixa em um ninho descoberto, como chamariz para novas posturas da galinha. É nesse sentido que o autor usa a palavra.
A narrativa é um primor, mas encantou-me principalmente a forma como o autor nos põe em contato com a riquíssima cultura interiorana de tradição oral. Para nós, professores, interessa sobretudo como o Antônio, o menino protagonista, vai naturalmente somando às suas experiências domésticas de mundo as práticas sociais letradas, adquiridas em casa e na escola.
Antônio não só se divertia procurando os ninhos das galinhas legornes, cuja plumagem às vezes a mãe pintava com anilina para que elas colorissem o quintal de arco-íris. Comia junto com os irmãos a bandeira brasileira construída no prato com alimentos coloridos: chuchu, arroz com gema e o azul do esmaltado do prato,
Certa vez engoliu piabas vivas para aprender a nadar depressa e teve forte infecção intestinal. Acompanhou o resguardo da mãe, quando nasceu a caçula e podia comer os pedaços da galinha que não eram aproveitados na canja, menos os pés, porque os pés não se pode comer um só, sob o risco de na vida só espalhar e não ajuntar.
Brincava de chicotinho queimado, boca de forno, pai Francisco entrou na roda, de passar anel...
Tomava óleo de rícino e vermífugos. Foi mordido por escorpião. Tomou banho no sangue de tatu para limpar a pele das pústulas da varicela e carregou no pescoço um guizo de cascavel para deixar de fazer xixi na cama.
Aprendeu a rezar e e a cantar para fazer primeira comunhão. Recitava de cor os dez manamentos. Ajudava a montar o presépio, envolvia-se com os festejos juninos, divertia-se no primeiro de abril, com as peças que a mãe lhes pregava; comia biscoitos assados no forno de barro, tudo isso entremeado com os reis , as fadas e os mágicos dos castelos encantados das histórias que lhe contavam e que depois ele mesmo aprendeu a ler, quando também já sabia tabuada de vezes.
Conhecia os movimento de rotação e de translação, Cristóvão Colombo e Pedro Álvares Cabral, e imaginava a calmaria, que ajudou a descobrir o Brasil, vestida de branco. Já o oceano, ele sabia que era azul como o céu e que só tinha uma margem, de tão grande, porque havia uma gravura na parede. Também na parede do quarto estava o santo anjo do senhor, meu zeloso guardador, protegendo duas crianças de cair no despenhadeiro.
Assim ia crescendo e à medida que crescia sua imaginação ultrapassava as montanhas que circundavam a casa, na busca dos outros mundos que ele ia conhecendo nos livros.
Um dos livros clássicos que descreve como as crianças, no seu círculo primário de sociabilização, vão conciliando práticas culturais orais e letradas, é o Ways with Words, de Shirley Brice-Heath, etnografia ambientada em comunidades rurais nas Carolinas do Norte e do Sul, nos Estados Unidos, nos anos 70.
Aconselho os educadores brasileiros, antes de lerem esse clássico , que se familiarizem com os livros de Bartolomeu Campos de Queirós. Além do Indez , há outros com temática semelhante. Essa leitura há de ajudá-los a entender melhor como se dá , dia após dia, a transição da criança, da cultura tradicional da família, para a cultura letrada que a espera na escola.
06122006
Site mostra as palavras mais usadas da língua portuguesa
CARLOS KAUFFMANN
da Folha de S.Paulo
> O Corpus do Português (www.corpusdoportug
início de novembro, oferece um meio inédito de esquadrinhar a
língua portuguesa. Ele funciona como um quem é quem do idioma
mostrando a popularidade de palavras ou de frases buscadas entre
milhares de textos.
Esse grande arquivo forma o corpus da língua, que representa as
diversas variedades lingüísticas do português. O corpus reúne mais
de 50 mil textos, de diversas fontes (entre elas, a Folha), somando
45 milhões de palavras.
Há quatro registros principais: jornalístico, acadêmico, falado e
de ficção. O site permite fazer comparações de várias naturezas,
como ver a freqüência de palavras e de frases análogas nos
diferentes registros, constatar diferenças de uso da língua entre o
português europeu e o brasileiro e verificar a evolução do idioma,
do século 14 ao século 20. Oferece ainda o recurso da visualização
do entorno textual da palavra ou da frase buscada.
Janelas
A página principal é dividida
vários campos para busca, que podem ser de palavras, de frases ou
de categorias gramaticais, como verbos, substantivos e adjetivos. A
resposta da busca é apresentada à direita, com a respectiva
contagem de freqüência. Clicando nos resultados, aparecem abaixo os
trechos onde ocorrem a palavra ou a expressão buscada.
> O site foi desenvolvido por dois pesquisadores norte-americanos,
> Mark Davies, da Universidade Brigham Young (Utah, EUA), e Michael
> Ferreira, da Universidade de Georgetown (Distrito de Columbia,
> EUA). O acesso é livre e gratuito. Depois de algumas consultas, é
> solicitado um registro simples (nome e e-mail).
>
> A utilidade dessa ferramenta de busca do idioma é múltipla: para os
> estudantes, é uma chance de ver a língua exemplificada pelo uso
> real; para os lingüistas, renova a descrição da linguagem e
> possibilita a criação de melhores dicionários e gramáticas; para os
> escritores, cria alternativas estilísticas inovadoras e amplia os
> horizontes da criação literária.
>
> Outros sites de pesquisa: Projeto Linguateca e Banco de Português
>
> Links no texto:
>
> Corpus do Português
> http:www.corpusdo
>
> Projeto Linguateca
> http:www.linguate
>
> Banco de Português
> http:www2.
>
Investimento em educação é o caminho
Agência Envolverde
Cinquenta e dois por cento dos internautas que responderam a pesquisa realizada pelo Instituto Brasil Verdade (IBV), consideraram que o investimento em educação é o caminho mais importante para garantir os direitos do cidadão.
para a cidadania, diz enquete
A enquete, que ficou disponível por 4 meses no site do Instituto Brasil Verdade (http:www.institutobrasilverdade.com.br) oferecia quatro alternativas de resposta à pergunta “Qual das medidas abaixo você considera mais importante para garantir os direitos do cidadão?”. As respostas dos internautas foram: Investimento em educação com 52,5%; Justiça rápida e eficiente, com 23 %; Controle dos atos e gastos do governo, com 18%; e Fiscalização mais eficiente das leis .com 6,5% das respostas.
O empresário Armando Conde, presidente do Instituto Brasil Verdade considera que O resultado da pesquisa reforça o sentimento das pessoas que têm estudado os problemas da educação no Brasil. Nós sabemos que este é o principal caminho para a independência cultural, social e econômica, e por isto investimos em educação como fonte de cidadania. Francisco Toledo, membro do Conselho consultivo do Instituto Brasil Verdade e Presidente da empresa de pesquisas Toledo & Associados – experiente em pesquisas relacionadas a eleições – completa: “Embora se trate de uma enquete via internet, o que pré-seleciona as pessoas que a responderam, o resultado é relevante, porque comprova o que já foi demonstrado claramente por outros países mais desenvolvidos”.
A partir de 01 de janeiro de 2007 Instituto Brasil Verdade, uma OSCIP que tem como objetivos promover a educação como forma de acesso à cidadania, especialmente para as pessoas mais necessitadas, vai propor uma avaliação da qualidade da educação no Brasil. O IBV tem sede em Cotia, na Grande São Paulo, e um escritório em Guarujá-SP, onde mantém investimentos em educação que vão fechar o mes de dezembro de 2006 com 386 alunos matriculados em cursos de capacitação técnica, ingles e espanhol. Os interessados podem conhecer os programas e votar nas enquetes pelo site http:www.institutobrasilverdade.com.br