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Autores | Correio Braziliense | Link
Feita de letras e desafios

Brasília, BR - domingo, 15 de julho de 2018


Com mais de 20 livros publicados, Lucília transita entre o mundo infantil e o adulto, além de conteúdo didático


Com mais de 20 livros publicados, Lucília transita entre o mundo infantil e o adulto, além de conteúdo didático 
Ela gostava de fotonovelas até se deparar com um livro de Érico Veríssimo. Lucília Garcez se rendeu à literatura

Marina Adorno
Especial para o Correio
De origem mineira, Lucília Garcez, 68 anos, veio para Brasília com a família em 1965. O pai era funcionário da Receita Federal e sonhava em ser transferido para a recém-criada capital para ficar mais perto da família dele, que estava em Morrinhos (GO). Hoje, ela declara abertamente o amor pela cidade e a certeza de que deseja ficar aqui para sempre. Quando chegou, no entanto, a sensação foi de choque.
"A cidade estava muito no começo e Belo Horizonte estava nos anos dourados. Foi um choque chegar a uma cidade que era um acampamento. Aos poucos, fui me aclimatando", afirma.
Brasília era uma estranha, cheia de espaços vazios. A adolescente acostumada a sair para dançar na capital mineira teve de se acostumar com outra realidade. "Só podia ter uma festa de cada vez, porque não tinha gente suficiente para duas ou três festas ao mesmo tempo", relembra.
Outra lembrança divertida era o ônibus de estudantes, contratado pela Câmara dos Deputados. Destinado ao uso dos filhos dos deputados e funcionários públicos, ele passava em todas as escolas e todos entravam. Segundo ela, o transporte virava uma lata de sardinha e os jovens paqueravam. "Era muito divertido."
Desde criança, Lucília brincava de dar aulas no quadro de giz e cresceu ouvindo o pai dizer que a coisa mais bonita do mundo é ensinar o que se sabe. Ser professora foi, então, natural.
Aluna do colégio Maria Auxiliadora, afirma que as professoras abriram os horizontes dela. "Tinha ótimas mestres de português e de filosofia. Então, quando fiz o vestibular para letras na UnB, estava muito qualificada."
Na época, ao se formar, o estudante era imediatamente contratado pela rede oficial de ensino fundamental. Não havia concurso porque era pouca a oferta de professores. Lucília deu aulas no Gama e, depois, nos jardins de infância do Plano Piloto. Chegou a morar em Aracaju. Quando retornou ao Planalto Central, trabalhou no Ministério da Educação e, depois, foi transferida para a Universidade de Brasília -- onde se aposentou.
Paixão desde a infância
A paixão pelos livros também é influência do pai que, apesar de não ser um bom leitor, comprava muitos livros e tinha muito respeito por eles. Lucília afirma que foi muito bem alfabetizada e sempre gostou de ler, mas ela se lembra perfeitamente do momento em que descobriu a literatura brasileira. Ela tinha apenas 11 anos quando leu o livro Clarissa, de Érico Veríssimo. "Fiquei encantada, pensei: 'Nossa, isso é muito melhor do que aquilo que eu compro na banca, como as fotonovelas. Em casa, tinha muitos livros de Machado de Assis, José de Alencar. Li tudo."
A carreira como escritora começou mais tarde, com dois livros escritos durante a graduação. O primeiro se chama a Escrita e o outro e o segundo, Técnicas de redação -- o que é preciso saber para bem escrever. Um dia, o amigo e ilustrador Jô Oliveira apareceu na casa dela com uma proposta inesperada.
"Ele veio com umas ilustrações sobre a história de Luiz Gonzaga e me encomendou o texto de um livro infantil. Eu nunca tinha escrito para criança, mas ele insistiu e eu aceitei o desafio." A obra Luiz Lua foi bem-aceita, a autora se encantou por esse universo e nunca mais parou.
A mineira comenta que a adaptação para escrever ao público infantil foi natural e defende que não se pode subestimar a capacidade de a criança entender a linguagem. Para ela, a literatura tem de oferecer desafio. "Você escolhe frases mais curtas, escolhe um vocabulário mais comum. Não fica usando o diminutivo", observa. Entretanto, Lucília reconhece a responsabilidade que tem nas mãos de não passar valores errados para os pequenos leitores e de formar uma nova geração de amantes da literatura. "O sonho de todo escritor é formar leitores."
Lucília lamenta que o Brasil não seja um país leitor. Segundo a autora, os brasileiros leem uma média de um livro por habitante/ano. Nos países desenvolvidos, essa média é 12 vezes maior.
Como uma leitora voraz, Lucília Garcez tem dificuldade para eleger um livro de cabeceira. "Na minha cabeceira, eu tenho pelo menos 30 livros", admite entre risadas. No momento, ela está relendo a obra de Guimarães Rosa.
Lucília tem, aproximadamente, 20 livros publicados. Um dos mais conhecidos é Brasília -- do concreto ao sonho, encomenda de uma editora.
Porém, nesta obra, a trajetória da cidade é contada em primeira pessoa. A ideia deu certo e o livro foi adotado pelas escolas particulares da cidade. Dentre as próximas publicações, está um livro que conta a história de Ariano Suassuna e um romance para adultos sobre a viúva de um desaparecido da ditadura. Este ainda está à espera de uma editora.

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Nasci no remoto ano de 1945, em São Lourenço, encantadora estação de águas no sul de Minas, aonde Manuel Bandeira e outros doentes iam veranear em busca dos bons ares e águas minerais, que lhes pudessem restituir a saúde.

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