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Miliane N. Magalhães Benício

Doutoranda em Educação – FE/UnB

 

A primeira vez que o vi de fato não me encantei por ele. Mas quis, upis! quiz com “z” ou quis com “s”?, o destino, pelo esforço de meu pai e de minha mãe, obrigar-me a encontros sucessivos e ininterruptos, - opa! Ininterruptos sem ou com “n”? - . Confesso que depois de um punhado de dias, creio que foram meses, o danado já me parecia até interessante. Enigmático e um tanto misterioso para ser franca, mas com um charme descabido. Diria mesmo, irresistível.

Quando dei por mim estava de quatro: flertando e mordendo o lábio meio de canto, quando não estava mergulhando e sendo mergulhada por e naquele olhar. Ora! quem já teve quinze, dezesseis, dezessete e dezoito anos sabe bem a que olhar me refiro, não é mesmo? Ou mesmo, hoje, os mais moços, o sabem. Afinal, quem já esperimentou – mas, experimentou com “s” ou experimentou com “x”? - o despertar dos contornos do corpo, do seu e do outro, pode mesmo deixar de sentir o calor, o frio, a contração, o acalmar intensamente acelerados de cada célula, mas esquecer-se desse gosto, jamais.

Pois bem, depois desse flerte e superados o pudor e o estranhamento iniciais, a relação ficou ainda mais quente e ele conseguiu seduzir-me como a uma pura, doce e ingênua, espere aí! Mas igênua sem “n” ou ingênua com “n”?, donzela, aí! donzela com “z” ou com “s”?, católica do tempo do imperador.

A relação tornou-se carnal, visceral, revertendo a alma em corpóreo. Eu respirava ele e, ele, tenho certeza, em mim vivia como nunca. Pensávamos, ele e eu, que seríamos eternos, numa mesclação, num confessar – e como eu me confessava! - , numa entrega, que mesmo o matrimônio diário seria incapaz de corroer.

Fiz juras e prometi amor eterno, mas o que seria um enamorar tornou-se saidelas. Aos poucos, por mais que eu me esforçasse para conhecê-lo e desvendá-lo, apesar de percorrer costumeiramente os seus contornos, alguns de seus traços continuavam – e ainda assim o são – um segredo para mim. A desconfiança despejou-se em mim. E, ele? Hrum! Permanecia na sua indiferença e irresistivelmente atraente.

Pois bem, decidi-me continuar na paquera e nada mais. Confesso, o traí centenas, centenas não, milhares de vezes – mas veses com “s” ou vezes com “z”? Beijei, amassei (com “c”, com dois esses ou com “ç”?), fiquei – na atual acepção (acepção com “s” depois do “a” ou sem?), semântica do termo para os menores de vinte e cinco anos.

Promíscua? Talvez, mas esse tal sistema lingüístico do português brasileiro, do jeito que a mim se deu, dificulta muito um terminar num feliz casamento. Afinal, quando acho que já estou quase por conhecer a sua alma, ele se revela a mim implacavelmente desconhecido. Sempre na manhã, no meio e à tardezinha dos dizeres sinto que morrerei – espera! Onde é mesmo os dois erres? – sem desposá-lo. Que seja “o pega”, então! Às favas com os quis com “z”, os initerruptos sem “n”, os experimentou com “s”, os igênuas, os donselas, os as veses, os ... que não sei bem que contornos reais possuem. Que venha o beijo do dicionário, o colo do Word, sem, contudo, o deitar-me com o medo e a frigidez do não dizer.

 

 

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Nasci no remoto ano de 1945, em São Lourenço, encantadora estação de águas no sul de Minas, aonde Manuel Bandeira e outros doentes iam veranear em busca dos bons ares e águas minerais, que lhes pudessem restituir a saúde.

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