O Projeto Leitura, tem como objetivo vencer um dos maiores desafios encontrados pelos professores e amantes da literatura: Criar o hábito da leitura.
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Estávamos hospedados em um hotel tradicional, possivelmente o melhor da cidade àquela época. Fui apurar se o show do Sinatra seria transmitido ao vivo, via satélite. Na recepção, foram muito ho- nestos. “Não, aqui no hotel não vai dar pra ver o show.” Não me lembro por que, mas não ia dar. Fiquei desolada.
– Então vamos mudar de hotel.
– Mas este é o melhor, e neste mês não vamos achar hotel na praia.
Eram palavras sensatas, mas eu não fui sensata. O que eu queria era ver o show de Frank Sinatra no Maracanã. Lá fomos nós procurar outro hotel. Achamos um no centro.
– Vai dar pra ver daqui o show do Frank Sinatra no Maracanã?
– Claro, madame.
Criei alma nova, até o dia do show. No horário previsto, me postei em frente à televisão, o cora- ção aos saltos. Mas nada, nem sinal, nem notíci- as do show. Meu marido olhava e sorria, sem sar- casmo. Acho que até se apiedou de mim. Enfim,
aquele hotel também não estava preparado para a transmissão, que, acredito, nem passou em Na- tal.
No dia seguinte, lá fomos nós atrás de um hotel na orla, para fazer nova mudança. Não me lem- bro se fizemos uma terceira transferência de ho- tel. É provável que sim. O que me lembro é que, para me consolar, fomos a um centro de turismo, no alto de uma colina e ali me encantei com uns galos bem grandes, de cerca de 40 cm de altura, de artesanato em terracota. Muito coloridos. O rabo do galo era um vaso para flores. Podia ser- vir também para, na cozinha, guardar espaguete. Foi esse o destino que dei ao meu, que enfeitou minha cozinha por muito tempo, até que sucum- biu em uma queda.
No ano passado, visitando Natal novamente, fui atrás dos galos de artesanato. Mas estava mais difícil de encontrá-los do que de ver o show de Frank Sinatra em 1980. Já não fazem mais des- ses galos em Natal. A maioria dos artesãos nem sabia do que eu estava falando. O tempo passa.
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