O Projeto Leitura, tem como objetivo vencer um dos maiores desafios encontrados pelos professores e amantes da literatura: Criar o hábito da leitura.
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Você sabe o que são colchões de palha de milho ? Drauzio Varella falou deles hoje na FSP. Se você os conheceu deve saber que foram substituídos por colchões de crina (vegetal), depois pelos colchões de mola e finalmente pelos colchões de espuma.
Lembro-me dos colchões de palha de minha infância mineira. A transição desse tipo de artefato caseiro para aqueles já feitos em pequenas estruturas industriais significou um avanço, assim como comprar geladeiras e depois televisores.
A vantagem de avançar nos anos, com saúde, é recuperar da memória esses momentos que marcam a passagem de um Brasil rural para este que conhecemos agora , predominantemente urbano. Mudanças no padrão alimentar também são relevantes.
Uma criança ou um adolescente contemporâneo vai ter dificuldade de imaginar a vida sem colchões macios, sem poltronas e sofás, ou fogões a gás, quiçá sem telefones de longa distância ou ... internet. Pode nos parecer que esses confortos sempre existiram tão incorporados estão em nosso dia-a-dia. Mas não é bem assim.
Antes de me despedir de Drauzio Varella , peço licença para copiar um trechinho de sua crônica memorialista, que considerei seminal : “...Para destruir a convivência idílica com o organismo materno são necessárias contrações uterinas tão brutais que chegamos aos berros, prenúncio do que está por vir.”
Dos esforços do ser humano nascituro ninguém se lembra, mas quem já deu à luz em parto normal . sabe do que o escritor-médico está falando. Aliás, na expulsão de Adão e Eva do Paraíso, Deus os advertiu sobre “dar à luz com dor”.
Fico por aqui, mas, na hora em que eu me deitar hoje à noite em meu confortável colchão, vou me lembrar dos colchões de palha e do fogão de lenha, do tutu de feijão com carne de porco , do quaradouro de roupas e tudo aquilo que se perdeu na infância longínqua.
Brasília, julho de 2018