Alfabetismo no Brasil

O Brasil tem cerca de 11 milhões de analfabetos. Em números absolutos é muito. Em números relativos o percentual tem diminuído a partir do século XX. No entanto, considerando o potencial físico e demográfico de nosso País, era de se esperar que o analfabetismo fosse apenas residual.

Temos de considerar que o Português é uma língua razoavelmente fonêmica, como ensinou o pioneiro da Linguística brasileira, Mattoso Câmara. Isso significa que há um razoável isomorfismo entre a pronúncia e a representação gráfica das palavras. Há línguas como o Inglês ou o Francês em que a pronúncia está longe de representar a ortografia, cuja consolidação data de muitos séculos.

No caso do Português, são poucos os problemas específicos na relação fonema/grafema. Os principais são o fonema /s/, que tem muitas representações e a marca de nasalidade, que se dá pelo diacrítico “til” ou pelas consoantes nasais pós-vocálicas. Em suma, alfabetizar em Língua Portuguesa é um processo mais simples que em muitas outras línguas. Mas há um problema grave e sistêmico na formação de professores. Os profissionais responsáveis pelas séries inicias recebem nos cursos de Pedagogia muito pouca formação em Fonética e Fonologia. A ênfase principal é conferida a questões macro políticas. Já os profissionais responsáveis pelo ensino da língua materna na segunda fase do ensino fundamental e no ensino médio, pouco ou nada aprendem sobre o processo de alfabetização. Esses dois problemas podem e devem ser resolvidos tanto na educação regular quanto na educação continuada. Meus trabalhos nas duas últimas décadas voltam-se para a construção de pontes entre a formação de pedagogos e a formação de licenciados em Letras. Além de artigos em periódicos e 60 capítulos de livros, organizei e escrevi 26 livros sobre essa questão: ensinar com eficiência a Língua Portuguesa desde a alfabetização até o ensino superior.

Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/7444415903226607

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