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311006

A hora de eleger os professores

Correio Braziliense
Artigo de Célio da Cunha

Outubro pode ser considerado o mês dos professores. Nos dias 5 e 15 comemorou-se em nível internacional e nacional, respectivamente, o dia dessa categoria, ocasião em que se procura reconhecer o alcance social e pedagógico da profissão. Tradicionalmente, nessas datas, escrevem-se artigos, distribuem-se prêmios de inúmeros concursos e louva-se a dimensão idealista do magistério. Nada mais justo em se tratando de profissionais que têm a responsabilidade de educar, por longos anos, milhões e milhões de crianças e jovens de todo o mundo.

Porém, este ano, no Brasil, registra-se uma oportuna coincidência. O mês dos professores coincidiu com o das eleições. No dia primeiro foram eleitos centenas de parlamentares e muitos governadores e, no dia 29, já no segundo turno, outros governadores e o presidente do Brasil foram conhecidos. A coincidência leva-nos a oportuna e importante reflexão sobre a situação dos que carregam sobre os ombros a desafiante tarefa de educar o país.

Há poucos anos, o Laboratório de Psicologia do Trabalho da Universidade de Brasília, sob a coordenação de Wanderley Codo, realizou pesquisa de abrangência nacional sobre a saúde mental dos professores, cujo resultado revelou a síndrome de Burnout. Tal síndrome se manifesta no contexto da tensão permanente entre o compromisso de educar e as difíceis condições socioeconômicas dos mestres. O quadro não se alterou desde então e pode comprometer o futuro da educação.

Por seu lado, quem acompanhou os debates sucessórios teve a oportunidade de observar, repetidas vezes, o discurso da prioridade da educação na voz e vontade de muitos candidatos. Trata-se de discurso necessário e urgente. Nenhum país avança ou adquire credibilidade sem capital humano de boa qualidade. Se o Brasil ainda não logrou atingir uma etapa superior de desenvolvimento, em parte, deve-se à insuficiência de sua educação, em que pese o mérito de iniciativas inovadoras nos planos federal, estadual e municipal. Todavia, a generalização da educação de qualidade requer magistério profissionalizado, assim como qualificada infra-estrutura escolar, que, por sua vez, demanda consideráveis recursos adicionais. Ao acenar com a prioridade da educação, mas sem indicar o caminho ou os instrumentos, corre-se o risco de repetir o passado.

Assim, o discurso da prioridade da maioria dos que já foram eleitos só se converterá em realidade mediante forte decisão política, seguida da criação de mecanismos estáveis capazes de criar as condições para tirar do limbo os professores e convertê-los em atores centrais da revolução educativa que o país espera. A pesquisa citada indica forte compromisso dos professores que se frustra diante da falta de meios e de uma carreira desvalorizada. Discursos inconsistentes não convencem mais.

É provável que a importância dos professores ainda não tenha sido amplamente percebida pelos que, direta ou indiretamente, podem ajudar a colocar a educação como prioridade fundamental do Estado brasileiro. Nesse sentido, nunca será demais lembrar o pioneirismo do Ato Constitutivo da Unesco, que, no preâmbulo reconheceu, há mais de 60 anos que, nas mentes das pessoas está o segredo para a construção de personalidades lúcidas capazes de discernimento e equilíbrio. Esse processo se inicia na escola e, para o seu êxito, os professores são agentes centrais. Nunca se deve perder de vista que, num mundo globalizado que demanda mais e mais informações e conhecimentos, a educação escolarizada de qualidade tornou-se valor essencial e fundamental no contexto de todas as encruzilhadas do nosso tempo. Ela é ponto de partida e de chegada.

Essa evidência deve ter suficiente força para inspirar os novos governantes eleitos a não se esquecerem dos nossos mestres e dos mestres dos nossos filhos. Não por concessão política a uma categoria profissional, mas pensando nos que, educando as crianças e jovens do país, podem dar contribuição sem precedentes para o advento de cenários brasileiros mais justos e à altura das reivindicações de cidadania do nosso tempo. Essa talvez seja a melhor maneira de valorizar nossos professores, elegendo-os como protagonistas da renovação educacional brasileira.

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Nasci no remoto ano de 1945, em São Lourenço, encantadora estação de águas no sul de Minas, aonde Manuel Bandeira e outros doentes iam veranear em busca dos bons ares e águas minerais, que lhes pudessem restituir a saúde.

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