uma das minhas principais dificuldades na vida é botar título. quantas e quantas vezes a reportagem especial está prontinha da silva, mas completamente anônima e não tem uma santa ideia que eu considere razoável. o resultado é que os nomes são sempre bestas. não foi a toa que dei pros meus filhos nomes de santo e de santos dissílabos. fica mais difícil errar. quanto mais letra tem no nome, maior a possibilidade de uma tragédia. o google informa que no brasil há gente registrada como: aldegunda, arquiteclínio, ava gina e capitulina de jesus amor divino. se bem que ando matutando a ideia de ter outro filho que vai ser o miguel arcanjo, mas sempre tem a chance de eu ser chamada à razão e ficar só no miguel e, aí, fica mantida a tradição de santos dissílabos. todo este conversê, ou nariz de cera, como fala-se no jargão jornalístico, é para dizer que quando pensei neste texto, resolvi que o título seria a minha velhinha. só que somei, multipliquei e dividi, e me dei conta que não é muito apropriado eu achar que quem tem cinquenta é velhinha. imagina qual vai ser a minha resposta quando eu chegar aos cinquenta e um desinfeliz me chamar de velhinha. não vai ornar. como diz a minha estuporzinha: ô totado!!! pois é, mas tá chegando o dia do meio século e é admirável como ela continua nova. mais do que isso, é que nem bambu. verga, verga, mas não quebra. se ergue. fica de pé. linda e loira. porque, fala a verdade, como é difamada, maltratada, incompreendida, sacaneada, como apanha. é...... brasília, não é fácil ser diferente. a vida é dura, mas assim como eu, tem quem te ama com de força. e ao contrário do que muitos falam, não é nem um pouco complicado amá-la. a cidade é fácil. o céu é lindo! as ruas amplas! as pessoas normais. nem tão feias, nem tão bonitas. quem vive em brasília é normal e de um jeito normal. dia desses eu ouvi isso: ela (a pessoa se referia a mim) quer tanto ser brasiliense, que fica dizendo que nasceu aqui, quando isso não aconteceu. é verdade. eu não nasci em brasília. grandes coisas...e desde quando é preciso ser nativo para amar? brasília me viu menina, depois adolescente, depois gente grande. brinquei de monte debaixo do bloco, depois namorei muito debaixo do bloco. fico imaginando o tanto que os porteiros da vida se divertiram....fui para a escola. fui para a unb. fiz greve, vaiei o bispo. vi o aborto elétrico ensaiando na colina e depois quase tomei porrada no show da legião no mané garrincha. vi a cássia no bom demais e também quase tomei porrada nos baculejos que a polícia que usa roupa preta gostava de fazer naquele boteco. os garçons do beirute me cumprimentam e ficam impressionados com o tamanho dos meninos. afinal, muitos me viram carregando o barrigão. casei, descasei. namorei mais um pouco. casei, descasei. tive filhos no são braz. fui buscar menino no arvense e depois debaixo do bloco. empinei pipa na torre, corri no parque da cidade, levei menino ao zoológico, pulei do trampolim de cima do cota mil, mas nunca tive coragem de pular no c.o. naveguei no paranoá. naufraguei no paranoá. namorei na ermida. minha irmã casou na ermida. fui à missa na dom bosco. comprei túmulo demais no campo da esperança. adoro o sundae de chocolate do giraffas. detesto caldo de cana e pastel. amo dirigir na w-3, apesar de me levar uns dez minutos a mais para chegar ao meu destino. cantei junto com o liga tripa. fui apaixonada pelo duboc, que nunca me deu bola. como é bom conhecer a alma de brasília!

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Nasci no remoto ano de 1945, em São Lourenço, encantadora estação de águas no sul de Minas, aonde Manuel Bandeira e outros doentes iam veranear em busca dos bons ares e águas minerais, que lhes pudessem restituir a saúde.

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