30 de maio de 2009

http:www.nivaldocordeiro.netoproblemadasescolaspublicas

O grande problema da rede pública de ensino, o maior de todos, é a
impossibilidade de ser administrada, em face do gigantismo, do viés
militante do professorado e do aparelhamento, pelas lideranças
sindicais, das greves para fins políticos.

A imprensa noticiou que o sindicato dos professores do Estado de São
Paulo marcou greve para próxima quarta feira, reivindicando elevado
percentual de aumento de salários e uma pauta política, pedindo a
retirada de dois projetos de lei de iniciativa do Executivo, que
modificam a forma de contratação de professores temporários. O pano de
fundo do movimento grevista, todavia, são as eleições do ano que vem.
O sindicato não está alinhado com o governo paulista e faz o jogo da
oposição.

Veja, caro leitor, são 215 mil professores. Como administrar uma massa
desse tamanho? Inviável. Todos os anos vemos as pautas de
reivindicações e as “conquistas” da classe, sempre em prejuízo dos
contribuintes e das necessidades pedagógicas dos alunos, em processo
cumulativo, que alarga ganhos e reduz a jornada de trabalho,
permitindo o absenteísmo remunerado. O Estado de São Paulo tem graves
deficiências de preparação dos alunos e digo sem medo de errar que
tais deficiências são provocadas por duas causas.

Em primeiro lugar, pelo descompromisso acadêmico do professorado, que
fez da profissão de professor público um enorme cabide, à espera de
completar o tempo de aposentadoria. O segundo ponto é o despreparo
evidente de boa parte dos integrantes do quadro. Desconfio que, se os
professores das cadeiras específicas se submetessem às provas das
respectivas disciplinas nos vestibulares, teríamos uma surpresa
vexaminosa. Ao lado de uma minoria excelente teríamos uma larga
maioria despreparada para o exercício do seu mister, que não deveria
ser professora.

E aqui está a questão central do burocrata tornado professor: não
existe janela de saída, nenhum turnover. A pessoa que está professora,
sem vocação e desmotivada, não sai e o patrão, o Estado, se recusa a
demitir, mesmo diante das graves deficiências de desempenho. A vítima,
além do contribuinte que paga, é o jovem estudante, prejudicado na sua
necessidade elementar de obter a formação adequada.

Além do mais, o processo de ensino está objetivando a formação de
militantes políticos e não de líderes empreendedores. A cada geração
se multiplica o espírito de funcionário público. Os métodos de ensino
e a perspectiva adotada pelo grosso dos burocratas professores visam a
perpetuação da formação de novos burocratas, numa espiral sem fim.

A receita para esses problemas todos é uma só: a privatização das
escolas, a celetização do professorado. O enorme patrimônio de
edificações e apetrechos escolares poderia perfeitamente ser leiloado
e os bons professores aproveitados. Os maus deveriam ou ser demitidos
ou aposentados ex officio. Teríamos uma grande inovação pedagógica se
algo assim fosse tentado.

Aos alunos carentes, supostamente toda massa hoje matriculada na rede
pública, o Estado asseguraria matricula pagando a mensalidade. Depois
do período de transição seria possível até mesmo se pensar em um
processo em que o benefício da escola paga pelo poder público estaria
vinculado ao desempenho escolar, o que daria uma injeção de ânimo
instantânea no desejo de aprender do aluno. Ganhos na relação
ensinoaprendizado aconteceriam de forma imediata, restabelecendo-se a
autoridade do professor.

Eu sei que tocar nesse tema é polêmico e contraria o senso comum. Mas
sei também que a situação, como está, não pode ser mantida. Algo
precisa ser feito. Enquanto isso não vem, os sindicalistas, populistas
e politicamente teleguiados, fazem da questão essencial da educação
elemento de barganha espúria, em prejuízo de toda a sociedade.
Categoria pai: Seção - Notícias

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Nasci no remoto ano de 1945, em São Lourenço, encantadora estação de águas no sul de Minas, aonde Manuel Bandeira e outros doentes iam veranear em busca dos bons ares e águas minerais, que lhes pudessem restituir a saúde.

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