Bye, bye, Bahia

 É quase meio-dia de quarta-feira de cinzas e Piatã curte a ressaca. Mas do outro lado da cidade, onde acontece o carnaval da Bahia,    Carlinhos Brown está puxando o  Arrastão, que é a despedida dos trios e o fechamento oficial da festa. 

Nos templos católicos por certo estão distribuindo bênçãos e cinzas num ritual de contrição. Hoje também a  CNBB  inicia a Campanha da Fraternidade, de 2009, cujo tema  é Segurança Pública. Bom tema.

Reina um profundo silêncio. Meus ouvidos o estranham, já acostumados que estavam aos ruídos de nosso Woodstock  tropical, em volta do palco do rock montado no bosque de coqueiros nesta praia . Dei uma volta pelo condomínio. Algumas casas de residentes veranistas já estão fechadas. Até os passarinhos estão dando um tempo, depois da folia. Não vi nenhum voejando entre as amendoeiras e os coqueiros. Alguns funcionários com seus uniformes verdes varrem sem pressa  as folhas que se acumularam sobre o gramado durante os feriados.

Eu também me preparo para retornar ao mundo real.  Não é simplesmente pegar o avião e me afastar da linha do  Equador, rumo ao sul e ao cerrado, que ainda deve estar fresco com as chuvas de fevereiro. Ir embora da Bahia é uma mudança de estado de espírito.  Dou adeus à praia, ao calor de mais de 38ºC. ,  à água de coco bem geladinha da barraca do Válter, na areia.  No ano que vem tem mais, se Deus quiser, completo  em minha linguagem interior, que é pra dar sorte.

Ontem à tarde, um caminhão barulhento vendendo  ‘uvas fresquinha , bem docinha’ direto do Rio Grande do Sul, parou em frente a esta casa que  foi o meu lar durante a temporada de praia na Bahia.  

Fui até eles, de short e de chinelos de borracha e comprei várias caixas. Só me faltavam os bobs na cabeça.   As uvas estavam  muito doces. Fiquei pensando neste Brasil contemporâneo, que permite aos produtores gaúchos distribuírem no Nordeste o surplus de sua safra de uva.  E pensei também nos carros com alto-falantes anunciando consertos de panelas, afiador de facas, milho verde e pamonha. Aonde foram parar? Talvez estejam proibidos pelas posturas municipais, no nosso caso de Brasília, distritais.

Tenho uma agenda bem pesada esperando por mim. Respondi a mais de uma dúzia de emails informando que estaria de volta depois de 26 de fevereiro, pronta para reassumir meus compromissos. Volto energizada, cheia de projetos. Para ser franca, estou até meio ansiosa para reiniciar o trabalho. Mas não sem antes curtir bem estas últimas horas à beira do mar.  É água no mar, é maré cheia ô, mareia ô,  mareia, é água no mar !

Bye, bye, Bahia. Obrigada pela boa acolhida.

 

Salvador, 25 de fevereiro de 2009

 

 

 

 

É quase meio-dia de quarta-feira de cinzas e a cidade curte a ressaca. Mas daqui a pouco, Carlinhos Brown vai puxar o Arrastão, que é a despedida dos trios e o fechamento oficial do carnaval. Nas igrejas católicas por certo estão distribuindo bênçãos e cinzas num ritual de contrição.

Reina um profundo silêncio. Meus ouvidos estranham, já acostumados aos ruídos de nosso Woodstock  tropical, em volta do palco do rock montado no bosque de coqueiros de Piatã. Dei uma volta pelo condomínio. Algumas casas de residentes veranistas já estão fechadas. Até os passarinhos estão dando um tempo, depois da folia. Não vi nenhum voejando entre as amendoeiras e os coqueiros. Alguns funcionários com seu uniforme verde varrem sem pressa  as folhas que se acumularam sobre o gramado durante os feriados.

Eu também me preparo para retornar ao mundo real.  Não é simplesmente pegar o avião e me afastar da linha do  Equador, rumo ao sul e ao cerrado, que ainda deve estar fresco com as chuvas de fevereiro. Ir embora da Bahia é uma mudança de estado de espírito.  Dou adeus à praia, ao calor de mais de 38ºC. ,  à água de coco bem geladinha da barraca do Válter, na areia.  No ano que vem tem mais, se Deus quiser, completo  em minha linguagem interior, que é pra dar sorte.

Ontem à tarde, um caminhão barulhento vendendo  ‘uvas fresquinha , bem docinha’ direto do Rio Grande do Sul, parou em frente a esta casa que  nos acolheu durante a temporada de praia na Bahia.  

Fui até eles, de short e de chinelos de borracha e comprei várias caixas.  As uvas estavam mesmo muito doces. Fiquei pensando neste Brasil contemporâneo, que permite aos produtores gaúchos distribuir no Nordeste o ‘surplus’ de sua safra de uva.  E pensei também nos carros com alto-falantes anunciando consertos de panelas, afiador de facas, milho verde e pamonha. Aonde foram parar? Talvez estejam proibidos pelas posturas municipais, no nosso caso de Brasília, distritais.

Tenho uma agenda bem pesada esperando por mim. Enviei várias dúzias de emails informando que estaria de volta depois de 26 de fevereiro, pronta para reassumir meus compromissos. Volto energizada, cheia de projetos. Para ser franca, estou até meio ansiosa para reiniciar o trabalho. Mas não sem antes curtir bem estas últimas horas à beira do mar.  É água no mar, é maré cheia ô, mareia ô,  mareia, é água no mar !

Bye, bye, Bahia. Obrigada pela boa acolhida.

 

Salvador, 25 de fevereiro de 2009

 

 

 

 

 

 

 

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Nasci no remoto ano de 1945, em São Lourenço, encantadora estação de águas no sul de Minas, aonde Manuel Bandeira e outros doentes iam veranear em busca dos bons ares e águas minerais, que lhes pudessem restituir a saúde.

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