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Conto Proparoxítono

Luiz Henrique Mignone

 

Era a terceira vez que aquele substantivo e aquele artigo se encontravam no elevador... Um substantivo masculino, com um aspecto plural, com alguns anos bem vividos pelas preposições da vida. E o artigo era bem definido, feminino, singular: era ainda novinha, mas com um maravilhoso predicado nominal.  Era ingênua, silábica, um pouco átona, até ao contrário dele: um sujeito oculto, com todos os vícios de linguagem, fanáticos por leituras e filmes ortográficos.

O substantivo gostou dessa situação: os dois sozinhos, num lugar sem ninguém ver e ouvir. E sem perder essa oportunidade, começou a se insinuar, a perguntar, a conversar. O artigo feminino deixou as reticências de lado, e permitiu esse pequeno índice. De repente, o elevador pára, só com os dois lá dentro: ótimo, pensou o substantivo, mais um bom motivo para provocar alguns sinônimos.

Pouco tempo depois, já estavam bem entre parênteses, quando o elevador >recomeça a se movimentar: só que em vez de descer, sobe e pára justamente no andar do substantivo. Ele usou de toda a sua flexão verbal, e entrou com ela em seu aposto. Ligou o fonema, e ficaram alguns instantes em silêncio, ouvindo uma fonética clássica, bem suave e gostosa.

Prepararam uma sintaxe dupla para ele e um hiato com gelo para ela. Ficaram conversando, sentados num vocativo, quando ele começou outra vez a se insinuar. Ela foi deixando...ele foi usando seu forte adjunto adverbial, e rapidamente chegaram a um imperativo. Todos os vocábulos diziam que iriam terminar num transitivo direto.

Começaram a se aproximar...ela tremendo de vocabulário, e ele sentindo seu ditongo crescente: se abraçaram, numa pontuação tão minúscula, que nem um período simples passaria entre os dois.

Estavam nessa ênclise quando ela confessou que ainda era vírgula; ele não perdeu o ritmo e sugeriu uma ou outra soletrada em seu apóstrofo. É claro que ela se deixou levar por essas palavras, estava totalmente oxítona às vontades dele, e foram para o comum de dois gêneros.

Ela totalmente voz passiva, ele voz ativa. Entre beijos, carícias, parônimos e substantivos, ele foi avançando cada vez mais: ficaram uns minutos nessa próclise, e ele, com todo o seu predicativo do objeto, ia tomando conta.

Estavam na posição de primeira e segunda pessoas do singular: ela era um perfeito agente da passiva, ele todo paroxítono, sentindo o pronome do seu grande travessão forçando aquele hífen ainda singular. Nisso a porta abriu repentinamente... Era o verbo auxiliar do edifício ! Ele tinha percebido tudo, e entrou dando conjunções e adjetivos nos dois, que se encolheram gramaticalmente, cheios de preposições, locuções e exclamativas.

Mas ao ver aquele corpo jovem, numa acentuação tônica, ou melhor, subtônica, o verbo auxiliar diminuiu seus advérbios e declarou o seu particípio na história. Os dois se olharam, e viram que isso era  melhor do que uma metáfora por todo o edifício. O verbo auxiliar se entusiasmou, e mostrou o seu adjunto adnominal. Que loucura, minha gente ! Aquilo não era nem comparativo: era um superlativo absoluto.

Foi se aproximando dos dois, com aquela coisa maiúscula, com aquele predicativo do sujeito apontado para seus objetos. Foi chegando cada vez mais perto, comparando o ditongo do substantivo ao seu tritongo, propondo claramente uma mesóclise-a-trois. Só que as condições eram estas: enquanto abusava de um ditongo nasal, penetraria ao gerúndio do substantivo, e culminaria com um complemento verbal no artigo feminino.

O substantivo, vendo que poderia se transformar num artigo indefinido depois dessa, pensando em seu infinitivo, resolveu colocar um ponto final na história: agarrou o verbo auxiliar pelo seu conectivo, jogou-o pela janela e voltou ao seu trema, cada vez mais fiel à língua portuguesa, com o artigo feminino colocado em conjunção coordenativa conclusiva.”

 

Disponível em:

          http:www.henry.eti.brpagina.php?IdPagina=344

          http:www.officinadopensamento.com.brarquivosliteraistextos_selecionadosprosaconto_proparoxitono_luiz_henrique_mignone.htm

          http:eunaosoupalhaco.weblogger.terra.com.br200502_eunaosoupalhaco_arquivo.htm

          http:www.allz.weblogger.terra.com.brindex.htm

          http:in-between.weblogger.terra.com.br200602_in-between_arquivo.htm

 

(Acessados em 28102006)

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Emoções que informam

Emissoras públicas usam o (aparentemente superado) formato das radionovelas para desempenhar papel educativo junto às comunidades

Naiobe Quelem
Da equipe do Correio

A paixão brasileira pelas novelas, eternizada na tevê, um dia já foi a sensação do rádio. Sucesso nacional nas décadas de 1940 e 1950, a radionovela ditava modas e tendências e era o entretenimento predileto de milhares de ouvintes. É certo que, com o advento da televisão, o radioteatro começou a minguar e praticamente desapareceu no início da década de 1970. Longe do compromisso com anunciantes – e portanto com a veiculação de melodramas –, a radionovela encontrou uma nova vocação: emprestar seu formato dinâmico para a informação e a educação.

“Nos últimos oito anos, a radionovela tem sido muito usada por instituições públicas e não-governamentais, para passar um conteúdo educativo. Essa linguagem funciona porque aproxima o ouvinte do assunto, à medida em que incorpora cenas do cotidiano”, explica a professora do Departamento de Comunicação da Universidade de Brasília e pesquisadora Nélia Del Bianco.

Na Rádio Nacional – mais especificamente nos estúdios da emissora na Amazônia –, a radionovela retornou no início da década de 1980, cerca de quatro décadas após a transmissão de seu primeiro folhetim, Em busca da felicidade, de Leandro Blanco, adaptado por Gilberto Martins. “O Décio Caldeira começou o trabalho, mas morreu logo após a primeira produção. Dei continuidade a partir de 1985 e nunca mais parei”, conta a produtora executiva da Rádio Nacional da Amazônia, Artemisa Azevedo.

No início, a motivação era proporcionar entretenimento aos ouvintes da Região Norte, em locais onde somente o sinal da rádio chegava. Com o retorno dos ouvintes, Artemisa passou a escrever histórias sobre temas de interesse do povo da Amazônia e, ao se aproximar daquela realidade, descobriu uma rica e eficiente forma de diálogo. “O retorno entusiasmado dos ouvintes me fez perceber a força da radionovela como veículo para informar e ajudar as pessoas”, conta. O último folhetim, por exemplo, foi Chama da terra, que falava sobre as conseqüências das queimadas da Amazônia. Na segunda semana que vem, a rádio estreará uma série com cinco radioclipes (histórias contadas num único capítulo) sobre violência contra a mulher.

Mesmo com direcionamento educativo, as radionovelas se sustentam numa trama, com emoção, romance, intrigas, mocinhos e vilões. Os radioatores são os próprios jornalistas, locutores, produtores e demais funcionários da Radiobrás, inclusive da parte técnica, responsável pela trilha e efeitos especiais. Tudo sob supervisão, direção e montagem de Artemisa. Esse trabalho fez com ela fosse uma das seis brasileiras selecionadas para participar de um curso na Alemanha, oferecido pela rádio pública alemã Deutsche Welle, no mês passado. “Eles queriam nos ajudar a aprimorar a radionovela como forma de educação. Percebi que, mesmo sem ter estudado o formato, eu estava no caminho certo”, resume Artemisa.

O retorno entusiasmado dos ouvintes me fez perceber a força da radionovela como veículo para informar e ajudar as pessoas

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HUMANIZAR  A  LINGUAGEM  EM SALA DE AULA  : COMO ?

 

Francisco Gomes de  Matos, Comissão de Direitos Humanos Dom Helder Câmara,

Centro de Artes e Comunicação,UFPE,Recife.  e-mail : \n O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. > O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.

 

 

O Brasil  já possui uma Tradição Pedagógica notável,na qual destaca-se mundialmente

 

a significativa contribuição de Paulo Freire, através de  suas obras, incentivadoras de

 

tantas  pesquisas teóricas e aplicadas  nas áreas da Educação, da Psicologia  e   do

 

Letramento (ou,para usar o termo preferido em Portugal, Literacia). Assim,  no

 

singularíssimo  The Literacy Dictionary ,edição da  Associação Internacional de

 

Leitura (1995; nova edição impressa e on-line em fase inicial de planejamento ),

 

encontramos um verbete sobre Educação Emancipadora, de inspiração Freiriana.

 

No volume Literacy. An Introduction, do pesquisador britânico Randal Holme

 

(publicado pela Editora da Universidade de Edinburgo em 2004), há oito  menções

 

ao pensamento pedagógico do autor de  Pedagogia do Oprimido (traduzida em

 

várias línguas). Naquele livro escocês  , define-se  Pedagogia Participativa como

 

uma forma de letramento associada a Paulo Freire.Tem a ver com o direito que

 

têm os educandos  de questionarem  a linguagem que  aprendem  como leitores

 

e produtores textuais, para que seus questionamentos os ajudem a compreender

 

melhor o mundo,principalmente  as circunstâncias  que levam muitas dessas

 

pessoas a serem  oprimidas  ou vitimizadas  no sistema educacional.

 

Recentemente, ao fazer uma palestra em  Porto Alegre na Convenção

 

da APIRS – Associação de Professores de Inglês do Rio Grande do Sul –

 

dei exemplos de como  a linguagem usada por  educadores  pode  manifestar

 

autoritarismo, poder sobre  o  “ próximo”. A  seguir ,partilho , a exemplificação,

 

mais ampliada, explicitando  alternativas  humanizadoras  das expressões

 

questionadas. Para facilitar a  compreensão deste exercício tradutório (do

 

vocabulário desumanizador  ao humanizador ), explicito em parênteses,a alternativa

 

positiva  desejável, em  cada  exemplo. Caberá aos leitores  ,se atuantes  em alguma

 

 missão educacional,  complementarem a listagem ,fazendo uso   dessa

 

estratégia  para   auto-conscientização  ou  para debate em cursos  de

 

formação de professores , à luz dos  princípios formulados por Paulo

 

Freire,no livro citado, bem como em sua Pedagogia  da Autonomia.

 

As partes questionáveis de  cada  exemplo estão grifadas. A maioria

 

dos exemplos foram ouvidos em  aulas  observadas  por este articulista

 

articulista,em  trinta e cinco anos de prática docente.Alguns usos  desumanizadores

 

foram encontrados em manuais destinados a professores .Tratam-se de  violações

 

dos direitos  dos educandos, aspecto pouco  pesquisado entre nós.

 

USOS QUESTIONÁVEIS  DE  PORTUGUêS  EM SALA DE AULA

 

1.                     Vou deixar  vocês consultarem o dicionário nessa tarefa ...

(Usem ..............,se quiserem)

 

2.                     Não permito o uso  de gírias em  redações  acadêmicas

  desaconselhável  ou inadequado  usar .......)

    

3.                     Às  vezes , forço o aluno a dizer a  palavra mais de duas vezes,

para que consiga pronunciá-la  bem.

(peço ao aluno que diga ....; desafio o aluno a dizer ....)

   

4.                     Para  ocupar  todos os alunos,  mando a  turma formar grupos

         (  sugiro,recomendo,peço aos alunos que  formem  grupos)

 

5.                     Este trabalho  tem que ser digitado

   (É desejável que  este trabalho seja digitado ).

 

6.                     Quero que não me interrompam, quando eu estiver apresentando

 um assunto novo

(Agradeceria  se  esperassem até depois de minha apresentação,para

 fazerem perguntas)

7.                     Vou logo avisando: esse problema  é bem difícil, por isso,vocês devem

prestar toda atenção

(O problema que vamos estudar  é desafiador, mas  vocês vão entender e saber

 soluciona´-lo,tenho certeza)

   

8.                     Sigam  as instruções, como estão no material didático.Está tudo muito

claro.

( Leiam as instruções.Se  houver alguma coisa que não compreendem

plenamente, exerçam seu direito de  pedir que eu explane a explicação)

   

9.                     A  consulta à  Internet  só pode  ser  feita  na Biblioteca  da Escola

(Se você preferirem consultar a Internet em casa, tudo bem )

   

 10. Quando for hora de  fazer perguntas,pedir explicação, eu digo

(Vamos combinar os momentos para esclarecimentos ? Consensemos...)

 

Nesta era em que  universidades ,faculdades e outras instituições de ensino

 

começam  a oferecer  Programas,Seminários,Disciplinas do tipo  Educar para os

 

Humanos (caso da UFPE), buscando-se  humanizar e dignificar as relações

 

interpessoais ,intra  e intergrupais, a Lingüística da Paz  tem uma contribuição

 

a oferecer , por isso, aos interessados  nesse movimento universal pela

 

humanização comunicativa   sugerimos a consulta  ao livrinho de nossa autoria,

 

Comunicar para o Bem. Rumo à Paz Comunicativa ,publicado pela Ave Maria,

 

agora em segunda edição.

 

Ao humanizarmos nossas maneiras de  conversar com  os  alunos, estaremos

 

contribuindo para  a humanização do mundo  beligerante,violento em que

 

vivemos. Que os ensinamentos de Cristo  sejam integrados  nessas propostas

 

humanizadoras ,pois é dele que recebemos a inspiração-mor, para nossas

 

ações também comunicativas.

 

Categoria pai: Seção - Notícias

The Teaching of Spanish as a Second

Language in an Indigenous Bilingual

Intercultural Curriculum

Rainer Enrique Hamel

Department of Anthropology, Universidad Auto´noma Metropolitana,

Mexico City, Mexico

Norbert Francis

College of Education, Northern Arizona University, Flagstaff,

Arizona, USA

 

This paper reports on the implementation of an ambitious bilingual instructional programme in the P’urhepecha-speaking region of Michoaca´n state in Mexico, the Meseta Tarasca. A curriculum of indigenous language preservation and cultural affirmation, overturning the previous Spanish-only programme, has been developed by a group of indigenous teachers in two P’urhepecha elementary schools, ‘Miguel Hidalgo’ of San Isidro and ‘Benito Jua´rez’ in the neighbouring village of Uringuitiro. Today, the P’urhepecha language is the nucleus of the curriculum. With the previous curriculum largely discredited, the bilingual teachers embarked on a project that would both provide instruction to children in a language they understand, and contribute to the preservation of their indigenous language, which in these communities, in all cases, is children’s first language (L1). Being cognizant of the importance of learninSpanish as a second language, a major current planning and curriculumdesign priority is to find a way to integrate Spanish language instruction into the academic subject areas in accordance with current models of content-based second language teaching. doi: 10.2167lcc313.0

Keywords: bilingual curriculum, Common Underlying Proficiency, indigenous

language bilingualism, literacy, Mexico, Spanish as a second language

Introduction

In 1995 the P’urhepecha teachers of two bilingual elementary schools in

Michoaca´n, in the central Highlands of Mexico, introduced radical changes

to the previous curriculum which had been based on the fast transition to

Spanish and submersion L2 Spanish instruction. From that school year

onwards, they have been teaching all subject matter including literacy and

mathematics in P’urhepecha, the children’s first language. In this paper we

take up some of the special circumstances that educators need to take into

account that may be different from those in which the social imbalance

between the languages of the bilingual community is less pronounced. In the

communities in which the study has been carried out, the overwhelming

majority of children entering first grade in ‘Miguel Hidalgo’ and ‘Benito

Jua´rez’ bilingual elementary schools are monolingual speakers of the

171

0790-83180602 171-18 $20.000 # 2006 R.E. Hamel & N. Francis

LANGUAGE, CULTURE AND CURRICULUM Vol. 19, No. 2, 2006

indigenous language. Outside of school, in fact, P’urhepecha dominates all

interpersonal communicative language use domains; and access to Spanishlanguage

television programming is significantly more limited than in other

rural communities in Central Mexico. The new bilingual programmes face a

new challenge, born of their initial success in attracting and retaining signifi-

cantly larger numbers of students, an approximately 60% increase in total

enrolment (Hamel & Iba´n˜ ez Caselli, 2000), in comparison to previous years

when perhaps a kind of early selection was imposed based on children’s

ability to benefit academically from instruction exclusively in Spanish. What

kind of programme design and distribution of languages across the curriculum

will serve the triple objectives of indigenous language developmentrevitalisation

and a significant improvement both in general academic achievement and

in the second language learning of Spanish? This question is posed most

immediately for children whose primary or sole contact with the national

language is in school, those who perhaps are more likely to stay in school

now thanks to the current linguistically inclusionary approach.

In the broad international discussion on bilingualism and school language

policy, two rationales could be advanced for the inclusion of a vernacular

that is children’s mother tongueprimary language (MTL1): (1) strong ethnolinguistic

loyalty on the part of a significant portion of the speech community

which supports an active project of language preservation or revitalisation, and

(2) if the indigenous language (IL) is the only language that children understand,

its exclusion from the curriculum represents a potentially serious

obstacle to academic achievement for many children, in particular in the case

of literacy learning. Or inverting the terms: the inclusion of the IL has the potential

of significantly upgrading children’s academic achievement, including the

skills of reading and writing.

Logically, and often in practice, the rationales of language preservationrevitalisation

(1) and the linguisticpedagogical (2) are separate. The latter may

come to be an important ingredient in facilitating initial access to academic discourse

and literacy in the absence of a broad community-wide revitalisation

project (although acquiescence would be a minimum condition). The former

rationale would also be sufficient even in the context of child bilingualism in

which the great majority of the first grade population is comprised of fluent

speakers of the national language (NL), as is the case, for example, in most

IL bilingual programmes in Canada and the United States. In the participating

Michoaca´n communities of the present study, by all accounts, the two rationales

coincide and mutually reinforce each other (Alonso et al., 2001; Hamel &

Iba´n˜ez Caselli, 2000; Silva Castello´ n, 2004), making for a privileged site for

observation of a bilingual instructional programme in which the IL forms an

integral part of the core curriculum. Extensive ethnographic description has

in fact confirmed this programmatic feature (Bernabe´, 2006; Hamel, in press),

placing this schoolcommunity project on a short list of current pilot experiments

in IL bilingualism of this type in Latin America.

The previous Spanish-only model proved to be especially problematic for

children with little or no contact with the language of literacy and instructional

discourse outside of school. We could say that this posed a persistent and

deep contradiction between the official objective of elementary schooling,

172 Language, Culture and Curriculum

literacy, and a necessary objective, learning Spanish as a second language,

resulting in neither being attained satisfactorily (Hamel, 1988). Despite official

educational policy, in place for the last two decades, that would seem to

address this contradiction, little tangible progress is in evidence in rural

schools that serve children who are beginning learners of Spanish as a

second language.1

In the 1980s language policy across Latin America began to gradually shift

toward establishing new relationships between the central educational authorities

and indigenous peoples. Recognition of indigenous languages as a

part of the nation’s cultural patrimony was extended to school language

policy that granted communities the right to incorporate their languages into

the academic programme of public schooling, including explicit endorsements

of developmental bilingual instruction based on the general principles of intercultural

curriculum design (DGEI, 1990). While implementation has clearly

lagged far behind, official policies have opened the way for a number of important

experimental programmes, research projects, and most importantly, a small

number of community-based initiatives spearheaded usually by a young

generation of indigenous teachers fully proficient in the community language

and introduced to the scientific literature on bilingualism and bilingual

education during their studies in the various regional campuses of the

Universidad Nacional Pedago´gica.

Returning to the international discussion on bilingualism and school

language policy, the now well-known debates touch on even more fundamental

problems into which the Michoaca´n project inserts itself in a very self-conscious

way. Among the different perspectives specifically related to indigenous

languages and other vernaculars, we could frame one set of central questions

as follows. Three distinct hypotheses would make different predictions regarding

the inclusion of the IL (in some significant proportion) into the academic

curriculum, and specifically as a medium of literacy teaching:

(1) That it would come to represent an unnecessary obstacle to general

academic achievement, learning to read and write, and, pointedly, to

full acquisition of the nationalsecond language (NLL2).

(2) Neither obstacle nor expediting factor – that exclusive NLL2 medium

instruction poses no significant disadvantage to monolingual MTL1

speakers vis-a`-vis the three learning domains (general academic achievement,

literacy, and L2 learning of the national language).

(3) That all other extraneous considerations held constant, the inclusion of the

indigenous language represents a facilitative factor in at least one or two of

the above learning domains, and no disadvantage to any; and that learning

is expedited as a function of child monolingual speakers’ extracurricular

access to the NLL2 (i.e. in the case of Mexico, the benefit of MTL1

inclusion would be potentially most important for students with the

least contact with Spanish outside of school).

The Michoaca´n project forms part of a research current that has set out to

find supporting evidence for hypothesis (3), fundamentally an updated and

modern version of the UNESCO (1953) proposal on the use of vernacular

languages in school (Crawford, 2000; Hovens, 2002; Tabors & Snow, 2001);

Teaching Spanish as a Second Language 173

for Latin America: Escobar (2004), Hamel (2000) and Lo´pez (1998, 2001).

Proponents of both strong and weak versions of hypothesis (1) congregate

around a series of politically driven proposals, most notably associated with

the English-only movement in the United States (Porter, 1990). The clearest

exposition of the ‘no-difference’ hypothesis (2) is Wagner (1998), although

perhaps presenting a slightly qualified version.

Application of the Concept of the Common Underlying Proficiency

to Indigenous Language Bilingualism

A central theoretical framework that guides the analysis of findings from San

Isidro and Uringuitiro is the Common Underlying Proficiency (CUP) model of

Cummins (2000, in its most recent presentation).2 The next section will propose

a series of permutations of the well-known double-iceberg figure for the

purpose of highlighting the relationship between linguistic competence in L1

andor L2 and the development of cognitiveacademic abilities that are

‘shared’ in a purported ‘common’, or ‘central’, domain, but that nevertheless

require for their construction and consolidation a linguistic medium.

Crucially (as the above hypothesis (3) implies), the linguistic competencies

that correspond to this medium must be sufficiently developed so as to

ensure a minimum threshold level of comprehension and sufficiently developed

expressive capability on the part of preliterate child learners.

A previous study by Francis (2000, 2004) also sought to apply Cummins’

framework to the special sociolinguistic circumstances of indigenous language

bilingualism, although quite different from those of the P’urhepecha schools.

In an assessment of bilinguals’ ability to access abilities and skills from the

CUP, in this case learned primarily through Spanish, and stored in the

common ‘underlying’, or central, domains (where the icebergs ‘overlap’), children

were presented with academic language tasks in their indigenous

language (Nahuatl, from Tlaxcala state). Findings showed that access to these

(‘non-language-bound’) proficiencies was relatively unfettered, one could say

surprisingly so (although not completely) given the sharp sociolinguistic and

material imbalances that would conceivably favour performance in Spanish

in an overwhelming and one-sidedly dominating way. Performance in

Spanish did appear to be somewhat superior, as would be expected given

that it was the language in which children practiced their literacy skills.

Nevertheless, performance in Nahuatl on these same skills, even though they

were rarely practiced, showed significant upward tendencies of improvement

across the grades. One conclusion that presented itself for further inquiry was

that the Cummins model – specifically the autonomy (from L1 and L2) of

conceptual structures, metacognitive and discourse organising abilities, information

processing mechanisms related to literacy, etc. – offers a uniquely

useful way of analysing bilingual proficiency. And that the unfavourable distribution

of resources and the overbounding social imbalances of all kinds that

might militate against developing literacy-related abilities in an indigenous

language do not significantly obstruct or short-circuit the availability of CUPdomain

abilities.

174 Language, Culture and Curriculum

In a number of ways the Michoaca´n bilingual programme presents a more

interesting context – than that of Tlaxcala and of most other pilot bilingual

programmes in Mexico – for assessing the applicability of Cummins’ model:

(1) locally and regionally, the indigenous language is more secure (e.g. virtually

universal, and full native-speaker competence among children in San Isidro

and Uringuitiro); (2) greater district and state-wide official support for a pluralistic

and inclusionary language policy, including the production of professional

quality school texts in P’urhepecha that far outstrip those available

to most other Mexican ILs, reflecting, in turn; (3) a higher degree of awareness

and ethnolinguistic identity, the preservation and revitalisation of the

P’urhepecha language figuring among the important cultural projects at the

community level and regionally as well.

In this case, the key research questions focus on the initial development of

literacy and related academic abilities primarily through the medium of the

indigenous language and subsequent and concurrent access to these ‘underlying

proficiencies’ (i.e. represented mentally independently from the language

which served as medium of their development) when presented with academic

tasks in Spanish (the inverse scenario from the one examined in the Nahuatl-

Spanish assessments in Tlaxcala).

Interdependence of L1 and L2 in a bilingual curriculum

One of our points of departure then is that the concept of access to ‘underlying

proficiencies’ applies fully to the situation of indigenous language bilingualism;

that despite the sharp sociolinguistic imbalances and unequal

distribution of resources, the IL can: (1) serve as the medium of development

of academic discourse abilities, processing skills specific to literacy, and the

concomitant development of metalinguistic awareness applied to the use of

language in school, and (2) avail itself of these same proficiencies, shared in

common, if they were originally developed through the medium of Spanish,

or effect the same kind of sharing of cognitive resources if they were originally

developed though the medium of an indigenous language. In the case of (1), the

hypothesis that this project seeks to confirm is that in addition to the positive

effect on IL development and revitalisation that IL-medium instruction

would offer, the core proficiencies of literacy and academic discourse abilities

would develop more robustly; and since they are not ‘stored’ in an IL-specific

domain, they would be accessible to bilingual learners when literacy tasks are

introduced in Spanish.

To reiterate, the core proficiencies in question are shared in common (accessible

to bilinguals through the medium of their IL if they were acquired through

the medium of the NL, or vice versa). Here, proponents of exclusive L2 instruction

or national language-only instruction are under the obligation to bring

forward evidence that such access would be significantly blocked in some

way, or that there is some inherent impediment to the development of academic

proficiencies through the medium of an indigenous language such as

P’urhepecha or Nahuatl. Why, for example, would access to other types of discourse

ability, of the non-academic kind that are also non-language-specific

(e.g. pragmatic abilities and cultural knowledge related to skilled interpersonal

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  31106

 

 

Educação: um bom exemplo colombiano

 

O Globo

 

Em 6 de setembro de 2006, foi firmado o compromisso Todos pela Educação (www.todospelaeducacao.org.br). O pacto prevê que, até o bicentenário da Independência, em 2022, todas as crianças e jovens brasileiros terão acesso, permanência, conclusão e sucesso em educação de qualidade: saberão ler e escrever aos oito anos de idade; conhecerão o conteúdo das séries cursadas, sem repetência, e concluirão os ciclos fundamental e médio. O orçamento público da educação será suficiente e gasto com eficiência.

 

O Brasil tem um longo caminho a percorrer para a educação de qualidade. Na pesquisa trienal de 2003, com jovens de 15 anos de 49 países do Programa Internacional para Avaliação de Estudantes (PISA) da OCDE, o Brasil foi reprovado: último lugar em Matemática e penúltimo em Leitura, acima somente da Tunísia -- com quem empatamos no fim da fila em Ciências. No ranking de desempenho escolar Educação para Todos 2007 da Unesco, estamos estagnados na mesma 72ª posição de 2003.

 

No Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB) do Ministério da Educação, entre 1995 e 2003, a média dos alunos da quarta série não conseguiu somar, subtrair, multiplicar ou dividir! No terceiro ano do curso médio, 41,3% apresentaram resultados críticos ou muito críticos em Língua Portuguesa. Essa performance está associada a altos índices de repetência e à conseqüente distorção entre idade do aluno e série cursada.

 

Para o Brasil, é inadequado tentar imitar a Coréia do Sul ou os países europeus que calcaram o desenvolvimento de curto prazo na intensidade educacional, tais como a Espanha e a Irlanda. Os modelos aplicáveis a nós estão na vizinhança latino-americana. Por isso, o Conselho de Empresários da América Latina (CEAL) e o Instituto Latino-Americano de Comunicação Educativa (ILCE) construíram um criterioso banco de 54 casos de excelência em educação básica em 18 países da região, dignos de serem conhecidos e reproduzidos (http:ceal.ilce.edu.mx). São parcerias de sucesso entre o Estado e a empresa privada, com resultados aferíveis em temas comuns.

 

Ótimos exemplos vêm da Colômbia, da periferia de Bogotá e da favela de Mamonal, em Cartagena. São provas de que é possível fazer a revolução silenciosa do conhecimento para a prosperidade, contra a miséria e a resistência da burocracia. Com o apoio de sua rede de empresas e a participação de funcionários públicos e agentes do terceiro setor, a Fundação Empresários pela Educação (www.fundacionexe.org.co) estabeleceu comitês permanentes no Ministério e em secretarias de educação. A Fundação ExE atua ainda em programas de aprimoramento da administração escolar, como o Projeto Líderes do Século XXI: parcerias de escolas com empresas, com a transferência de tecnologias de diagnóstico, planejamento e gestão para o ambiente escolar.

 

A Fundação Mamonal emprega o modelo do Projeto Líderes do Século XXI em zonas paupérrimas. Em poucos anos, causou mudanças profundas nas comunidades. Alunos, pais, professores, diretores e servidores tomam consciência de suas responsabilidades e de seus direitos na construção conjunta de uma visão de futuro e de planos de ação em benefício de milhares de crianças e jovens, até há pouco desprovidos de horizontes de esperança.

 

Apesar da guerrilha e do narcotráfico, e de dispersos pelos Andes e pela Amazônia, os 44 milhões de colombianos se uniram, graças à tríplice aliança sociedade-empresários-Estado, numa agenda comum: a da educação de qualidade para todos. Os rápidos avanços da Colômbia mostram que é possível ao Brasil conquistar a segunda independência em 2022, a da educação de qualidade e de oportunidades iguais para qualquer brasileiro.

 

MARCELO MARINHO e ALBERTO PFEIFER são dirigentes do Conselho de Empresários da América Latina (CEAL) .

 

 

 

    

 

 

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Crônicas para divulgação científica

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Nasci no remoto ano de 1945, em São Lourenço, encantadora estação de águas no sul de Minas, aonde Manuel Bandeira e outros doentes iam veranear em busca dos bons ares e águas minerais, que lhes pudessem restituir a saúde.

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