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Marilyn Monroe na última sessão

11/01/2011 14h50 -  Sérgio Rizzo, colunista do Yahoo! Cinema

 

“Meu Tio da América” (1980), do francês Alain Resnais, foi o primeiro filme a que assisti no cine Belas Artes, na esquina da avenida Paulista com a rua da Consolação. Três décadas depois, eu e todos os seus milhares de frequentadores precisaremos fazer outra escolha: qual será o último filme que veremos ali. As portas vão fechar em definitivo no próximo dia 27, quinta-feira, depois que o proprietário do imóvel não demonstrou interesse em renovar o aluguel.

A partir da próxima sexta-feira, dia 14, uma retrospectiva exibirá dois filmes diferentes por dia, um às 18h30 (serão os “clássicos Belas Artes”) e o outro às 21h (os “clássicos cult”), em maratona de despedida. Começa com “Meu Tio” (1958), do francês Jacques Tati, e “O Encouraçado Potemkin” (1925), do russo Sergei Eisenstein, e termina com “Z” (1969), do grego Costa-Gavras, e “Quanto Mais Quente Melhor” (1959), do austríaco radicado nos EUA Billy Wilder.

Mais tradicional de todos os cinemas ainda em funcionamento em São Paulo, o Belas Artes nasceu em 1952, com outro nome (Trianon) e configuração do espaço. A atual divisão, com seis salas, funciona desde 1983. Foi reformado pela última vez em 2004, quando os atuais administradores — o cineasta e distribuidor André Sturm, e a produtora O2 Filmes, de Fernando Meirelles — o assumiram. Pedia outra reforma, que talvez viesse com o novo patrocinador.

Em menos de um ano, é o segundo cinema a ser fechado na região da avenida Paulista (o outro foi o Gemini, com duas salas). O total de salas perdidas com ambos, oito, equivale a uma lacuna bem maior em relação a opções, pois eram (o Belas Artes, por mais alguns dias, ainda será) cinemas de repertório, combinando estreias, lançamentos recentes que já haviam desaparecido do circuito e filmes mais antigos.

Na programação de hoje, por exemplo, o Belas Artes exibe 12 longas. O pacote tem duas estreias da semana (“Além da Vida”, “A Árvore”), filmes ainda em carreira mais ampla (“O Concerto”), outros já em circuito reduzido (“Abutres”, “Você Vai Conhecer o Homem dos Seus Sonhos”, “Trabalho Sujo”), alguns com exclusividade na capital (“Senna”, “José e Pilar”, “O Ciúme Mora ao Lado”, “A Suprema Felicidade”), um que resolveu “morar” ali (“Medos Privados em Lugares Públicos”) e um no cineclube (“O Fim de um Longo Dia”).

É mais, como bem sabem os internautas que vivem em cidades médias e pequenas, do que o número total de filmes em cartaz na maior parte dos municípios que têm cinemas. As salas de rua foram desaparecendo, no Brasil e em outros países, desde a virada dos anos 70 para os 80, vítimas de uma combinação de fatores, que inclui especulação imobiliária, degradação urbana e mudança nos hábitos de boa parcela do público.

Fui adolescente naquele período, e quase todos os cinemas de São Paulo que frequentava, com plateias e telas na média muito maiores às das salas hoje em funcionamento, fecharam (Metro, Ipiranga, Marrocos, Barão, Copan, Metrópole) ou foram subdivididos (Marabá, Majestic — onde hoje funciona o Espaço Unibanco Augusta). O circuito exibidor, por diversas razões, passou a se concentrar desde então em shopping-centers, de acordo com a lógica dos multiplexes, em conjuntos de salas menores.

Conferi a programação da retrospectiva e concluí que, se os compromissos profissionais permitirem, vou me despedir do Belas Artes na sua derradeira noite, mas em altíssimo astral, com “Quanto Mais Quente Melhor” — Marilyn Monroe, Jack Lemmon e Tony Curtis em uma das grandes comédias norte-americanas. Até a célebre frase final (que não vou reproduzir para não estragar o prazer de quem não viu o filme) vai cair bem nas circunstâncias.

O desafio de 2011 será, como em 2004, o de manter os bons números do ano anterior ou chegar bem perto deles. Na oportunidade anterior em que essa equação se apresentou, não se atingiu a meta, mas os índices de ocupação do mercado doméstico pela produção nacional também não recuaram aos de 2002, o que já foi de bom tamanho — e seria também agora.

 

 

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Nasci no remoto ano de 1945, em São Lourenço, encantadora estação de águas no sul de Minas, aonde Manuel Bandeira e outros doentes iam veranear em busca dos bons ares e águas minerais, que lhes pudessem restituir a saúde.

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