O Acordo Ortográfico rides again. Segundo li hoje na Folha, o presidente de Portugal , Rebelo de Sousa, declarou que seu país pode mudar a posição de adesão ao acordo ortográfico em vigor desde 2009.
O Português é a língua mais falada no Hemisfério Sul. No Hemisfério Norte só é falado, como língua nacional, em Portugal. Embora os dados possam carecer de absoluta precisão, tem sido divulgado por especialistas que três quartos do contingente de falantes da Língua Portuguesa no mundo são brasileiros.
Desde que o Acordo Ortográfico foi assinado no âmbito da CPLP _ Comunidade de Países de Língua Portuguesa_ já passou por ratificação interna, nos respectivos órgãos legislativos nacionais, no Brasil, Portugal, São Tomé e Príncipe e Cabo Verde.
Em nosso país, as mudanças ortográficas acordadas tornaram-se obrigatórias a partir de primeiro de janeiro do ano em curso. Mas muito antes toda a estrutura editorial brasileira acatou as mudanças e se ajustou a elas. As mudanças de fato não são muitas. Somente cerca de 0,8% de vocábulos no Brasil e 11,3% em Portugal foram afetados. Mesmo assim , para a sociedade brasileira isso representou um significativo ônus, em termos de textos já publicados nos mais diversos suportes e em termos da necessária divulgação pedagógica das alterações.
Por isso é muito importante que o Brasil mantenha as regras vigentes. Embora o Acordo tenha sido muito negociado, Portugal tem demonstrado ao longo desses últimos anos bastante desconforto com as mudanças.
Alegam os especialistas por lá que a língua passou a ser escrita à moda brasileira. A mim parece que o Português, como outras línguas de uso extensivo, vai continuar a ser escrito com pequenas modificações nos diversos países lusófonos.
O inglês, por exemplo, tem uma ortografia usada nos Estados Unidos e uma ortografia usada na Inglaterra e em outros países anglófonos, ambas divergindo pouco entre si. Voltando ao Português, as diferenças ortográficas não precluem a compreensão e não é difícil que os livros tragam na sua introdução uma pequena nota sobre essas diferenças quando for o caso.
Entendo que mais importante que essa discussão formal, é o compromisso que o Brasil tem de alfabetizar e letrar os seus cidadãos, tornando a todos leitores autônomos e proficientes.
Nota : Depois de publicado este texto, fui alertada pelo Professor Carlos Alberto Faraco de que o presidente de Portugal havia desistido de tomar qualquer providência em relação ao Acordo Ortográfico. Sua decisão anterior comentada aqui foi muito criticada.
Segunda, 16 Maio 2016 01:24
Escrito por Stella Bortoni