Obra completa de Charles Darwin estará disponível na internet
Folha Online
A obra completa do naturalista inglês Charles Darwin (1809-1882), incluindo seu célebre trabalho A origem das espécies, estará disponível gratuitamente na internet a partir de 2009.
John van Wyhe, acadêmico do Christs College, da Universidade de Cambridge, é responsável por um projeto que permitirá acesso visual e auditivo às descobertas do cientista, no site Darwin-Online.
A maior parte do material incluído neste novo portal é proveniente do Arquivo de Darwin localizado na universidade.
As obras completas de Darwin --cerca de 50 mil páginas de texto e 40 mil imagens de publicações originais-- estarão acessíveis com apenas um clique, afirmou um porta-voz da instituição.
O site irá conter a maior coleção de escritos de Darwin jamais publicada, podendo ser consultada por especialistas e por qualquer pessoa interessada na obra do naturalista.
Van Wyhe, que passou quatro anos compilando material, ressaltou a idéia de que um trabalho desta magnitude seja o mais acessível possível. O portal incluirá manuscritos e cadernos nunca antes divulgados. Um destes, o livro de notas em que Darwin reuniu suas primeiras impressões em Galápagos, foi roubado em torno de 1980, e ainda não foi encontrado, mas o texto foi transcrito por microfilme, disse o professor.
A maior parte do material será publicado pela primeira vez na rede, como a primeira edição de A viagem do Beagle (1939), Zoologia da viagem do HMS Beagle (1838-43), e as segunda, terceira, quarta e quinta edições de A origem das espécies.
Além disso, o site, que será ampliado no período de dois anos, incluirá a maior bibliografia de Darwin já compilada, e também o maior catálogo de seus manuscritos, com mais de 30 mil itens.
Os especialistas esperam completar o portal, que atualmente contém apenas 50% do material existente, até o ano de 2009, que marcará o bicentenário do nascimento do cientista e o 150º aniversário da publicação de sua obra prima, A origem das espécies.
Como sua coleção é extensa, ainda resta muito trabalho pela frente, afirmou Van Wyhe.
Seleção natural
Charles Robert Darwin nasceu em Shrewsbury (centro da Inglaterra). Após passar pelas universidades de Edimburgo e Cambridge, para estudar respectivamente medicina e o sacerdócio, acabou desenvolvendo interesse pela história natural, o que o levou a aceitar, em 1831, um convite para empreender uma expedição no navio Beagle.
Essa viagem ao redor do mundo, que durou cinco anos, permitiu que estudasse a geologia e a vida silvestre de muitos lugares da América Latina --em especial das ilhas Galápagos--, e que catalogasse numerosos espécimes e fósseis.
De volta a seu país, influenciado pelo geólogo Charles Lyell (que afirmava que o mundo tinha sido formado não por grandes catástrofes, mas pelo efeito de processos gradativos como o vento e as erupções vulcânicas), chegou à conclusão de que a vida evolui e as espécies se adaptam ao meio.
Darwin cunhou o conceito de seleção natural para explicar por que alguns animais sobreviviam e outros se extinguiam, teoria desenvolvida em A origem das espécies, de 1859. O pai da teoria da evolução morreu em 1882, e seus restos estão enterrados na Abadia de Westminster, em Londres.
Como surgiu o Dia do Professor
Tudo começou com um decreto imperial, de 15 de outubro de 1827, que trata da primeira Lei Geral relativa ao Ensino Elementar. Este decreto, outorgado por Dom Pedro I, veio a se tornar um marco na educação imperial, de tal modo que passou a ser a principal referência para os docentes do primário e ginásio nas províncias. A Lei tratou dos mais diversos assuntos como descentralização do ensino, remuneração dos professores e mestras, ensino mútuo, currículo mínimo, admissão de professores e escolas das meninas.
A primeira contribuição da Lei de 15 de outubro de 1827 foi a de determinar, no seu artigo 1º, que as Escolas de Primeiras Letras (hoje, ensino fundamental) deveriam ensinar, para os meninos, a leitura, a escrita, as quatro operações de cálculo e as noções mais gerais de geometria prática. Às meninas, sem qualquer embasamento pedagógico, estavam excluídas as noções de geometria. Aprenderiam, sim, as prendas (costurar, bordar, cozinhar etc) para a economia doméstica.
Se compararmos a lei geral do período imperial com a nossa atual lei geral da educação republicana, a Lei 9.39496 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação), persegue ainda ideais imperiais, ao estabelecer, entre os fins do ensino fundamental, a tarefa de desenvolver a “capacidade de aprender, tendo como meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo”. Portanto, mais de um sesquicentenário da lei, perseguimos os meus objetivos da educação imperial.
A Lei de 15 de novembro também inovou no processo de descentralização do ensino ao mandar criar escolas de primeiras letras em todas as cidades, vilas e lugares mais populosos do Império. Hoje, além da descentralização do ensino, para maior cobertura de matrícula do ensino fundamental, obrigatório e gratuito, o poder público assegura, por imperativo constitucional, sua oferta gratuita, inclusive, para todos os que a ele não tiveram acesso na idade própria (Inciso I, artigo 208, Constituição Federal).
A remuneração dos professores é, historicamente, o grande gargalo da política educacional, do Império à Nova República, de Dom Pedro I a Fernando Henrique Cardoso I e II. O grande mérito do Imperador, ao outorgar a Lei de 15 de outubro de 1827, foi o de não se descuidar, pelo menos, formalmente, dos salários dos professores. No artigo 3º da lei imperial, determinou Dom Pedro que os presidentes, em Conselho, taxariam interinamente os ordenados dos Professores, regulando-os de 200$000 a 500$000 anuais, com atenção às circunstâncias da população e carestia dos lugares.
O economista Antônio Luiz Monteiro Coelho da Costa, especialista em cotação de moedas, atendendo minha solicitação, por e-mail, fez a conversão dos réis, de 1827, em reais de 2001 (discutíveis): estima Luiz Monteiro que 200$000 eqüivalem a aproximadamente R$ 8.800,00 (isto é, a um salário mensal de R$ 680, considerando o 13º) e 500$000 a aproximadamente R$ 22.000(R$ 1.700, por mês).
Os dados mostram como os professores, no século XXI, em se tratando de remuneração, recebem bem aquém dos parâmetros estabelecidos pela lei imperial, no longínquo século XIX. De acordo com dados recentes do Ministério de Educação, do total de professores, 65% ganham menos que R$650, 15% ganham entre R$650 e R$900 e 16% ganham mais de R$900. O salário médio mensal, de acordo com o senso do Ministério de Educação, é de R$1.474 nas escolas federais, R$656 nas particulares, R$584 nas estaduais e R$372 na municipais. Nos municípios cearenses, ainda encontramos milhares de professores recebendo (e com atraso) menos do que um salário mínimo vigente.
Atualmente, a Constituição Federal de 1988, no seu inciso V, artigo 206, garante, como princípio de ensino, aos profissionais de ensino, planos de carreira para o magistério público, com piso salarial profissional, mas até agora, não há vontade política para se determinar o valor do piso salarial profissional condigno para os professores.
A Lei de 15 de outubro de 1827 trouxe, por fim, para época, inovações de cunho liberal como a co-educação, revelada através da inclusão das meninos no sistema escolar e que as mestras, pelo artigo 13, não poderiam perceber menos do que os mestres.
A formação dos professores foi lembrada pela lei imperial. No seu artigo 5º, os professores que não tinham a necessária instrução do ensino elementar iriam instruir-se em curto prazo e à custa dos seus ordenados nas escolas das capitais.
Preocupados, hoje, com os 210 mil professores leigos, sem formação sequer do pedagógico ofertado no ensino médio, o Brasil contemporâneo, através da Emenda Constitucional n.º 14, de 12 de setembro de 1996 , a LDB, o Fundef, todos promulgados em 1996, orientam os governantes e as universidades para as licenciaturas breves, na luta contra esse déficit de professores habilitados para o magistério escolar, mas com o apoio financeiro do poder público em favor dos professores de rede pública de ensino (Magister, no Ceará, é um bom exemplo).
A expectativa da sociedade, política e civil, é a de habilitar, em nível superior, até o ano de 2007, o grande contigente de professores leigos da educação básica. Será que, ao comemorarmos o Dia do Professor em 2007, 180 anos depois da primeira geral da educação imperial, teremos atingido esse desiderato republicano?
Vicente Martins
Professor Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA), de Sobral.
Fonte de Pesquisa
http:www.psicopedagogia.com.br
Boas leituras para o professor como agente de letramento
Desejo falar sobre três livros recentemente publicados, que vieram trazer contribuições relevantes à formação dos professores como agentes de letramento.
O primeiro é uma coletânea de artigos do saudoso Professor Carlos Franchi, em co-autoria com Esmeralda Vailati Negrão e Ana Lúcia Müller, organizada por Sírio Possenti : mas o que é mesmo “Gramática”? , São Paulo: Parábola, 2006.
Muitas das idéias que haveriam de incentivar os lingüistas brasileiros a partir dos anos 1960 a refletirem sobre o papel da gramática no ensino de Língua Portuguesa, apontando distorções e sugerindo estratégias favorecedoras da criatividade dos alunos e de seu uso competente da língua materna, tiveram origem nas aulas do Prof. Carlos Franchi (1932-2001). Grande parte de seu prolífico trabalho, contudo, não chegou a ser publicado. Agora, alguns de seus colaboradores e ex-alunos organizaram esta coletânea, que é muito bem-vinda como leitura daqueles que trabalham com a língua portuguesa nas escolas e estão engajados na utopia de transformar todos os brasileiros em indivíduos funcionalmente alfabetizados.
O segundo é O português da gente – a língua que estudamos a língua que falamos de Rodolfo Ilari e Renato Basso, publicada este ano
Os autores discutem também a variação na língua portuguesa, analisada segundo os parâmetros tradicionais: diacrônico, diatópico e diastrático, aos quais acrescentam o parâmetro “diamésico”, que contempla a variação nas modalidades oral e escrita e a variação que se relaciona aos diferentes meios ou veículos. Dedicam ainda cerca de 75 páginas à relevante discussão sobre “Lingüística do português e ensino”.
O terceiro livro recém-publicado, que desejo recomendar, é Porque escrever é fazer história, coletânea de narrativas de educadores ( formadores de formadores) sobre suas experiências de formação, que privilegiam o trabalho com a leitura e a escrita. A coletânea foi organizada por Guilherme do Val Toledo Prado e Rosaura Soligo; prefaciada por Rui Canário, da Universidade de Lisboa, e co-editada pela Abaporu, GEPEC ( Grupo de Estudos e Pesquisas
Programa Escola Que Vale
Foco: Beneficiar a aprendizagem dos alunos a partir de ações conjuntas com os professores.
Este projeto, em andamento desde maio de 1999, está voltado para o aprimoramento da prática pedagógica de professores da rede pública de 16 municípios: Açailândia (MA), Aimorés (MG), Alto Alegre (MA), Barcarena (PA), Canaã (PA), Canaã dos Carajás (PA), Catas Altas (MG), Curionópolis (PA), Eldorado dos Carajás (PA), Ipixuna do Pará (PA), João Neiva (ES), Marabá (PA), Paragominas (PA), Paraupebas (PA), Rio Piracicaba (MG), São Luís do Maranhão (MA), Serra Pelada (PA).
O Programa Escola que Vale visa, por meio de ações de formação continuada junto aos professores, beneficiar a aprendizagem dos alunos, tanto no que diz respeito aos conteúdos escolares, quanto ao convívio democrático e ao conhecimento do mundo em que vivem. Para tanto, o Escola que Vale se estrutura a partir do trabalho didático e pedagógico, por meio do conhecimento da língua, acentuando a prática da cidadania, do ponto de vista das normas, valores e atitudes.
O Escola que Vale é um programa premiado e reconhecido pela sua eficiência, sua metodologia e pelos resultados que já apresentou. Financiado pela Fundação Vale do Rio Doce, recebeu o prêmio ECO 2001 da Câmara Americana de Comércio de São Paulo – AMCHAM.
Programa Escola Que Vale
Foco: Beneficiar a aprendizagem dos alunos a partir de ações conjuntas com os professores.
Este projeto, em andamento desde maio de 1999, está voltado para o aprimoramento da prática pedagógica de professores da rede pública de 16 municípios: Açailândia (MA), Aimorés (MG), Alto Alegre (MA), Barcarena (PA), Canaã (PA), Canaã dos Carajás (PA), Catas Altas (MG), Curionópolis (PA), Eldorado dos Carajás (PA), Ipixuna do Pará (PA), João Neiva (ES), Marabá (PA), Paragominas (PA), Paraupebas (PA), Rio Piracicaba (MG), São Luís do Maranhão (MA), Serra Pelada (PA).
O Programa Escola que Vale visa, por meio de ações de formação continuada junto aos professores, beneficiar a aprendizagem dos alunos, tanto no que diz respeito aos conteúdos escolares, quanto ao convívio democrático e ao conhecimento do mundo em que vivem. Para tanto, o Escola que Vale se estrutura a partir do trabalho didático e pedagógico, por meio do conhecimento da língua, acentuando a prática da cidadania, do ponto de vista das normas, valores e atitudes.
O Escola que Vale é um programa premiado e reconhecido pela sua eficiência, sua metodologia e pelos resultados que já apresentou. Financiado pela Fundação Vale do Rio Doce, recebeu o prêmio ECO 2001 da Câmara Americana de Comércio de São Paulo – AMCHAM.
www.escolaquevale.org.br
Fonte: www.escolaquevale.org.br
Programa - Escola que vale
www.escolaquevale.org.br
Fonte: www.escolaquevale.org.br
Por Alexa Salomão – EXAME (29.09.2006)
Ao longo dos últimos anos, os melhores cérebros do país têm buscado compreender as razões que levaram o Brasil, no passado apontado como uma nação fadada ao sucesso, a transformar-se numa espécie de lanterninha na corrida global pela prosperidade. Um grupo de pesquisadores do Banco Mundial acaba de fornecer uma peça-chave para decifrar parte da questão. O banco concluiu um alentado estudo, ao qual EXAME teve acesso, sobre as condições dos principais países emergentes para inserir-se na sociedade do conhecimento, considerada o estágio mais avançado do capitalismo. O resultado não poderia ser mais revelador. O sistema de ensino brasileiro levou uma surra – foi o pior colocado em toda a amostra analisada, que inclui China, Índia, México e Rússia, entre outros. A constatação diz respeito diretamente às chances que o país tem de virar o jogo na competição internacional, na qual vem cedendo espaço sistematicamente. Há muito tempo, sabemos que as deficiências do Brasil na educação afetam a distribuição de renda e o crescimento pessoal dos indivíduos, diz Alberto Rodríguez, especialista em educação do Banco Mundial e coordenador do estudo. Com a pesquisa, ficou claro que essas deficiências também provocam a perda de competitividade do país em relação a economias com as quais disputa o mercado global. Tradução: enquanto a educação brasileira não der um salto qualitativo, o país continuará patinando – e comendo poeira dos rivais. Não tenho a menor dúvida de que o baixo crescimento do PIB brasileiro nos últimos anos está intimamente associado à baixa qualidade do ensino, diz o economista americano Edward Glaeser, professor da Universidade Harvard e estudioso dos efeitos da educação sobre o desenvolvimento das sociedades. A educação é um dos motores do crescimento, e no Brasil esse motor funciona mal.
O último da classe O Brasil apresenta os piores indicadores na área de educação comparado a países emergentes que figuram como seus competidores internacionais Taxa de analfabetismo (na população com 15 anos ou mais) Brasil China México Rússia O melhor do mundo: Canadá(1), com 0% de analfabetos Média de anos de escolaridade da população Brasil China México Rússia O melhor do mundo: Estados Unidos, com 12 anos de escolaridade Participação de mão-de-obra especializada na força de trabalho (técnicos e profissionais com curso superior) Brasil China México Rússia O melhor do mundo: Suécia, com 38% da força de trabalho especializada Repetência no ensino fundamental Brasil China México Rússia O melhor do mundo: Coréia, com 0,2% de repetência Qualidade do ensino de ciências e de matemática (em uma escala de 1 a 7 pontos)(2) Brasil China México Rússia O melhor do mundo: Cingapura, com 6,5 pontos Fontes: Banco Mundial, Unesco e OCDE
O fato, mostrou a pesquisa, é que o brasileiro aprende muito pouco na escola. Carrega por toda a vida uma herança pesada, materializada na forma de despreparo e ignorância – e essa herança tende a ser repassada para a geração seguinte. Quando se analisam os dados sobre o desempenho brasileiro no terreno da educação, a primeira deficiência que salta aos olhos é o número de anos passados nos bancos escolares. O brasileiro estuda em média cinco anos, contra 11 do coreano, nove do argentino e dez da população da maioria dos países desenvolvidos. Estima-se que, se os brasileiros permanecessem na escola os 12 anos que ficam os americanos, a renda nacional seria mais que o dobro da atual. A maioria dos brasileiros abandona a escola ainda na infância, especialmente por causa da repetência, que atinge uma taxa inacreditável de 21% dos alunos, diz Rodríguez, do Banco Mundial. Levantamentos mostram que, a cada hora, 31 estudantes brasileiros desistem de estudar. Nos anos 90, foi feito um esforço para manter as crianças na escola e ocorreram avanços, mas em ritmo aquém do necessário. Segundo estudo da Unesco, mantido o passo atual, o Brasil demorará mais de 30 anos para alcançar o nível educacional que as maiores economias têm hoje. É uma realidade assustadora no momento em que o mundo demanda gente cada vez mais capacitada e que economias como a chinesa ou a indiana – concorrentes diretas do Brasil – fazem um esforço hercúleo para educar e preparar parte de sua população para o mercado global. O emprego do século 21 requer habilidades mentais, diz Célio da Cunha, representante da Unesco no Brasil para a área de educação. Exige raciocínio rápido, capacidade de interpretação e de análise da informação. Atributos que só são adquiridos com ensino de qualidade.
LG O problema A conseqüência
Ainda que o país passe a reter os jovens por mais tempo nas salas de aula, teria pela frente um desafio que, à primeira vista, pode parecer elementar: garantir que os alunos efetivamente aprendam e fazer com que esse aprendizado vire riqueza. Atualmente, a maioria das crianças das escolas públicas se transforma em profissionais medíocres. Em 2003, o Sistema Nacional de Avaliação do Ensino Básico identificou que 55% dos alunos matriculados na 4ª série do ensino fundamental eram praticamente analfabetos e mal sabiam calcular. Na 8ª série, menos de 10% dos estudantes haviam adquirido competência para elaborar textos mais complexos. Como conseqüência, cerca de 75% dos adultos têm alguma deficiência para escrever, ler e fazer contas, o que acarreta um efeito devas tador sobre sua capacidade de se expressar. O que está acontecendo nas nossas escolas é estarrecedor, diz Paulo Cunha, presidente do grupo Ultra. Para conhecer a real situação da educação brasileira, Cunha visitou escolas municipais na capital paulista. As crianças ficam oito anos nas salas de aulas e saem tão ignorantes quanto entraram. Como elas vão disputar um lugar no mercado de trabalho?
Atento O problema A conseqüência
Não se pode ignorar a revolução educacional pela qual o Brasil passou nos últimos anos. Até poucas décadas, vivíamos num país de analfabetos, no qual educação era luxo. Hoje há mais de 40 milhões de crianças na escola. Cerca de 5 milhões delas entram no sistema todo ano. O feito, porém, é insuficiente para sustentar o crescimento numa economia globalizada, cada vez mais dependente de conhecimento e de inovação e na qual os parâmetros de comparação ignoram fronteiras.. No jogo da competitividade mundial – um jogo que define o sucesso das empresas e do próprio país – a má qualidade do ensino e sua incapacidade de entregar ao mercado os profissionais que ele demanda transformam-se num veneno mortal. Isso fica evidente na dificuldade que empresas de quase todos os setores vivem para recrutar em larga escala seu bem mais precioso – capital humano de boa qualidade. Esse é exatamente um dos grandes desafios das economias que perseguem o crescimento sustentável: garantir o suprimento de massas de pessoas qualificadas.
13%
9%
8%
0,5%
5 anos
6 anos
7 anos
10 anos
9%
Não declara
14%
31%
21%
0,3%
5%
0,8%
2,9
4,2
3
5,1
(1) O Canadá é uma das referências, mas vários outros países desenvolvidos erradicaram o analfabetismo (2) Escala adotada no relatório Global Competitiveness do Fórum Econômico Mundial
Com a mesma escolaridade do coreano, o operário brasileiro tem dificuldade de aprendizado e apresenta rendimento inferior
Utilizando equipamentos idênticos, as linhas de montagem no Brasil produzem nove celulares por hora, e as da Coréia, 15
Metade dos 240 000 jovens com ensino médio que disputam vaga na central de atendimento da empresa é reprovada por deficiências básicas em português
Para identificar e descartar milhares de candidatos despreparados, a empresa gastou ao longo do ano passado quase 2 milhões de reais